A jovem Azélia Palma Ribeiro, carinhosamente chamada de Zelita, entrou para a história ao ser consagrada como a primeira Miss Mato Grosso, representando com graça e distinção o estado no grande concurso nacional A Mais Linda Jovem do Brasil, realizado pelos Diários Associados e pela Rádio Tupi.
Filha do renomado cirurgião-dentista Dr. Felintho da Costa Ribeiro — o primeiro da profissão em Cuiabá — e da senhora Thália Palma Ribeiro, dama de grande elegância e presença destacada na sociedade cuiabana, Azélia nasceu em 13 de agosto de 1914, no distrito do Coxipó. Desde jovem, demonstrava não apenas beleza singular, mas também doçura, educação e um espírito cativante, que a tornaram muito querida em sua terra natal.
A consagração começou em nível municipal, quando Azélia foi eleita Miss Cuiabá pelo tradicional jornal Correio da Semana, com impressionantes 9.874 votos, em uma apuração pública que empolgou a capital.
Disputa estadual
Na fase estadual preliminar, em meio a grande entusiasmo, Azélia enfrentou a concorrente Maria Metello, obtendo 655 votos contra 361, consolidando sua posição como favorita do público. A disputa final contou com outras candidatas, sendo as principais Venina Martins, de Campo Grande, e Helena Mojica, de Corumbá — esta última, no entanto, não compareceu ao certame. A vitória de Azélia foi decidida por uma apertada margem de apenas dois pontos, com o júri classificando seu rosto como o mais belo entre as concorrentes.
A escolha foi confirmada em telegrama enviado à capital federal pelo Sr. Afrânio Corrêa, diretor do Correio da Semana, publicado na edição de 24 de agosto de 1938 de O Jornal:
“Comunico que o júri do Estado escolheu como representante de Mato Grosso no certame de ‘A Mais Linda Jovem do Brasil’ a senhorita Azélia Ribeiro, Miss Cuiabá”.
Repercussão nacional
A eleição de Azélia alcançou repercussão além das fronteiras de Mato Grosso. A revista Vida Doméstica, do Rio de Janeiro, elogiou sua beleza e elegância em artigo assinado pelo correspondente Lázaro Papazian. O Jornal, órgão central do concurso, recebeu com entusiasmo a notícia da escolha mato-grossense, transmitida à Associação Brasileira de Imprensa, pelo presidente Herbert Moses.
No entanto, contrariando as expectativas, Azélia optou por não viajar ao Rio de Janeiro para a etapa final, que ocorreria no prestigiado Cassino da Urca, com provas entre os dias 1.º e 5 de setembro de 1938, culminando na escolha da vencedora em 6 de setembro, durante um baile de gala. Embora os motivos da recusa não tenham sido oficialmente divulgados, acredita-se, entre os cuiabanos, que a decisão tenha partido de sua modéstia e forte apego à terra natal.
A vencedora nacional foi, posteriormente, a carioca Vânia Pinto, eleita em 29 de janeiro de 1939. Ela recebeu um prêmio de 100 contos de réis — valor expressivo oferecido por um filantropo brasileiro e divulgado como “Prêmio Diário da Noite”.
Um legado de beleza e humanidade
Após seu casamento com Walmor Borges Camozato, passou a assinar-se Azélia Ribeiro de Camozato. Foi mãe de seis filhos — Clarice, Clélia, Cleonice, Cleuza, Cláudia e Benjamin — e dedicou-se à vida familiar com o mesmo carinho e elegância que a consagraram nos concursos. Era irmã de Felinto da Costa Ribeiro Filho, Mirtes (Naná), Mary, Enyr, Ronaldo e Marilza, compondo uma das famílias mais respeitadas da capital mato-grossense.
Azélia também era tia-avó do apresentador Otaviano Costa, destacando a continuidade da presença pública e carismática de sua família ao longo das gerações.
Faleceu em 17 de junho de 1985, aos 70 anos, deixando saudades profundas em todos que a conheceram. Para os mais antigos cuiabanos, sua lembrança vai além da beleza: Azélia era símbolo de delicadeza, simpatia e brilho pessoal, representando uma era em que a elegância era natural e o encanto feminino era celebrado com genuína admiração.
*Francisco das Chagas Rocha é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT).
*Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.
Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP
Siga a pagina MÍDIA HOJE no facebook: (CLIQUE AQUI)
Heloisa Ribeiro Cardoso 16/05/2025
Que satisfação ver que finalmente veio o reconhecimento desse feito, tão ousado para a epoca, para orgulho do povo cuiabano! Sempre fui fã incondicional da minha querida tia Zelita! Um doce de pessoa que tinha como marca registrada o alto astral, a alegria, alem do sorriso sempre presente, que contagiava todos! Saudades eternas do seu jeito único, afetuoso e acolhedor!!
Isadora Ribeiro Cardoso 16/05/2025
Achei muito legal a matéria. Ela era minha tia, irmã da minha mãe, a poetisa Marilza Ribeiro, também muito conhecida em nosso Estado. Eu sabia que ela tinha sido miss mas não sabia alguns detalhes narrados na matéria. Muito obrigada por divulgarem a história dela que faz parte da história de Cuiabá também ????
2 comentários