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Em 1982, Zico, no auge da carreira, aparecia na televisão dizendo que um craque de futebol “tem jogo de cintura, força, fibra e muita garra”. Enquanto falava, mostrava o Kichute, tênis que imitava uma chuteira, porém mais barato, sucesso entre quem jogou algum tipo de futebol nos anos 70 e 80.
Maleável e resistente, tinha basicamente três partes: peça inteiriça com solado, cravos e o bico de borracha preta, da mesma cor da lona. E cadarços enormes, enrolados na perna ou no solado. O Kichute está na memória afetiva do futebol brasileiro, especialmente das periferias. “Usei nas peladas lá em Quintino”, lembra Zico.
O craque chefia a delegação do Flamengo no Mundial de Clubes da Fifa, nos Estados Unidos. Em trânsito, indo para um compromisso, respondeu seis perguntas do Visão do Corre sobre a propaganda que fez para o Kichute. E fez comparações com o Conga, outro tênis clássico da época.
Reprodução
O par clássico de Kichute, com as oito travas clássicas de borracha preta: confortável, resistente e relativamente barato.
Você usou Kichute?
Usei nas peladas lá em Quintino. Na pelada no campo de grama, de terra e até no asfalto tinha que ter alguma coisa para calçar. Primeiro usei o Conga, depois foi o Kichute.
Kichute era mais caro que o Conga?
O Conga era mais acessível de preço, tinha boa qualidade, eu era lá do subúrbio, pra mim e pra galera era o tênis pra jogar em lugares onde não tinha campo. Usava para jogar no meio da rua. Eu acho que o preço baixo ajudou bastante para ter um calçado.
Para jogar bola, o Kichute era melhor que o Conga?
Era mais apropriado, era mais adequado para o futebol de campo, porque o Conga era mais para quadra, futebol de salão, com aquela sola dura, reta. O Kichute era mais para campo mesmo, pra terra, pra lugares que precisava de um calçado mais resistente. Ele era confortável também.
Você usava Kichute amarrado na canela ou pela sola?
Amarrado normal, mas o cadarço era grande, né? É verdade, o cadarço era grande, lembrei, muitas vezes tinha que passar por baixo do pé mesmo, a molecada fazia isso. Na verdade, o jeito de amarrar ia de cada um, mas amarrando por baixo ficava mais firme.
Como foi fazer a propaganda do Kichute?
Eu fiz a propaganda anos depois do lançamento. E depois que eu fiz, eles deram uma parada de fazer o tênis, depois retomaram, depois parou de vez. Quando eu fiz a propaganda, eu estava numa fase boa, pediram para eu fazer e deu certo, venderam tudo que tinha no estoque. Eu fiz a propaganda da última leva de Kichute.
É verdade que você ganhou uns sacos de Kichute?
Deram um monte, eu levei para os garotos de dois times, de treze e de onze anos, time de molecada, uns amigos dos meus filhos. Eram garotos da nova geração, jogavam todo sábado de manhã. Usaram um tempão.
*Fonte: Terra/Visão do Corre
Confira a propaganda estrelada por Zico, em 1982:
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