A prefeitura de Colíder, a 631 km de Cuiabá, não divulgou os detalhes da contratação dos shows artísticos da Expolider, a feira agropecuária que este ano está sendo bancada com recursos públicos e será realizada entre os dias 9 e 12 de julho. As principais atrações musicais anunciadas pela organização do evento são as duplas do sertanejo universitário Hugo e Guilherme, Israel e Rodoldo, Guilherme e Santiago, e Cleber e Cauan. Em março, a Câmara Municipal aprovou um Decreto do Executivo que autoriza o município a investir R$ 2,6 milhões para contratação de shows, mas previa a publicidade total das ações. Sem informações precisas, a boataria corre solta e o caso deve chegar ao Ministério Público.
A reportagem está tentando confirmar as informações, mas encontra dificuldades. O secretário de Administração da prefeitura de Colíder, Leandro Kessler, ao ser questionado por telefone na terça-feira (24) se poderia passar o detalhamento dos gastos do evento foi lacônico na resposta. "No momento não. Hoje é feriado aqui. Além disso, esses questionamentos são idênticos aos formulados por um parlamentar municipal, que ainda não foram oficialmente respondidos." O pedido de informações foi novamente realizado na quarta-feira (25), mas continua sem resposta até o momento. O espaço segue aberto à prefeitura.
Além da publicidade natural que qualquer ato da administração pública deve ter, no caso da Expolíder o Decreto (confira o documento abaixo) autorizando a prefeitura a bancar a Feira traz a necessidade expresssa de que seja dada publicidade e transparência à destinação dos recursos. Em seu artigo 6º, o Decreto prevê que "os valores investidos na contratação de shows artísticos e nos espaços públicos durante a realização do evento deverão ser amplamente divulgados no Portão (sic) da Transparência, contendo: I – Nome e valor pago a cada artista contratado; II – Instrumento Legal firmado".
Além dos custos com shows artísticos, há outras despesas sem respostas. Existe também dúvidas em relação à cobrança para entrada na Feira. Bancada com recurso público, a Expolíder tem o acesso gratuito da população, mas a organização estaria cobrando 'à parte' para o acesso a bangalôs e camarotes.
O Decreto aprovado pela Câmara, porém, não faz referência a qualquer tipo de cobrança. "Os eventos deverão garantir acesso gratuito à população, podendo ser estabelecidas áreas reservadas para patrocinadores e apoiadores da iniciativa privada, desde que a maior parte da estrutura esteja disponível ao público geral", traz o artigo 4º, parágrafo III do documento.
A única exceção plausível pode estar no artigo 4º. "A parceria como fomento à iniciativa privada deverá prever a destinação de espaços para entidades filantrópicas, associações e cooperativas locais, possibilitando a arrecadação de fundos para projetos sociais, mediante a comercialização de produtos e alimentos durante os eventos". O item fala em produtos e alimentos e não em cobrança para acesso.
O caso deve ser encaminhado ao Ministério Público. Pelo menos um vereador de oposição ao prefeito, como o próprio secretário de Administração admitiu, também está incomodado com a situação.
Primeira festa bancada
Essa a primeira vez que a prefeitura de Colíder decide bancar com recursos públicos a contratação dos shows da Expolíder. As edições anteriores foram patrocinadas pela iniciativa privada, apenas com o apoio do executivo municipal. Chegou-se a falar que haveria emenda parlamentar estadual para bancar o investimento, mas, pelo menos até o momento, não há qualquer confirmação disso.
O anúncio em março de que a prefeitura iria investir dinheiro público em shows da Expolíder chegou a causar polêmica. O município havia acabado de decretar à época situação de emergência por causa de uma explosão de casos de dengue em chicungunya.
Ao justificar o investimento, o Decreto encaminhado à Câmara Municipal, assinado pelo prefeito Rodrigo Benassi (PRD), traz que o evento é reconhecido como de interesse público, terá acesso gratuito, fomenta a economia local e promove a geração de empregos diretos e indiretos nos setores de comércio, hotelaria, transporte e alimentação. Lembra ainda que a Feira promove o turismo, terá atividades voltadas aos estudantes, projeto educativos inclusivos e parcerias com entidades sociais e filantrópicas.
De onde saiu dinheiro da Feira
Para destinar recursos públicos municipais à feira, a prefeitura está retirando dinheiro de 20 áreas do orçamento municipal de 2025. Entre as áreas estão infraestrutura, responsável por obras e manutenção de estradas, no valor de R$ 387 mil; limpeza urbana, com renúncia orçamentária de R$ 100 mil; manutenção da coleta de resíduos sólidos, com retirada de R$ 123 mil; reforma e ampliação da rodoviária, com anulação orçamentária de R$ 150 mil; manutenção da fanfarra, banda e coral, retirada de R$ 50 mil, e cancelamento de R$ 50 mil para Guarda Municipal.
Completam as renúncias orçamentárias a retirada de R$ 200 mil do Meio Ambiente, R$ 300 mil do Planejamento, R$ 50 mil de Feiras, R$ 25 mil do programa 'Qualidade de Vida do Servidor', R$ 120 mil de Publicação de Atos, R$ 650 mil do Gabinete do prefeito, R$ 100 mil da Secretaria de Gestão, R$ 50 mil do setor de Assuntos Fundiários, R$ 45 mil de Iluminação Pública, R$ 50 mil Indústria e Comércio (SMINDIC) e R$ 150 mil do item feiras, festas e exposições.
Prefeito anuncia shows em sua rede social:
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