O início da gestão de Rodrigo Benassi (PRD) como prefeito de Colíder, município a 648 km de Cuiabá, no norte do estado, está repleto de situações inusitadas. Em pouco mais de 60 dias no cargo, Benassi já trocou secretário de Infraestrutura (ficou 29 dias no cargo), decretou 'situação de emergência' de saúde por surto de dengue e chikungunya e, agora, prepara o envio à Câmara de um projeto para destinar R$ 2,5 milhões de recursos municipais para realizar diretamente, pela prefeitura, a Expolíder, um dos mais tradicionais eventos do município e que ocorrerá no próximo mês de julho.
Benassi diz que não há contradição em destinar recursos para uma feira de exposição, tendo uma situação de emergência em saúde. "São coisas distintas", garante o prefeito. Ele pondera que os recursos que serão aplicados na Expolíder visam recuperar o protagonismo do município como polo regional e estão sendo economizados com uma gestão técnica. Ele cita a central de compras que instalou na gestão como exemplo disso. Ele aponta uma economia geral de 20% nos gastos da administração nestes dois primeiros meses do ano.
A Expolíder sempre contou com o apoio das administrações municipais para ser realizada. A Feira é organizada ou terceirizada pelo Sindicato Rural de Colíder. No ano passado, a festa agropecuária foi terceirizada e a prefeitura entrou com R$ 200 mil reais. Outros R$ 400 mil foram viabilizados pelo Estado através de emenda parlamentar. O investimento público total de R$ 600 mil garantiu um dos quatro dias do evento com os portões abertos ao público.
Ao assumir a festa inteira agora, a ideia é promover 'portões abertos' ao público em todo o evento e atrair mais empresas do agro. Ainda não há confirmação dos shows que serão realizados na Exposição, mas no final de 2024 eram especuladas como atrações Simone Mendes, João Neto e Frederico, Cézar e Paulinho e banda Jota Quest.
O decreto de situação de emergência na saúde foi publicado neste mês de março em função da explosão de casos de dengue e chikungunya no município. De acordo com o painel da Secretaria Estadual de Saúde, Colíder registrou este ano 426 casos prováveis de dengue, 138 de chikungunya e um de zika. A situação causou superlotação no hospital regional do município e cirurgias eletivas foram suspensas para que haja leitos suficientes para atender pacientes acometidos pelas arboviroses. Além dos casos suspeitos, uma morte que teria sido ocasionada por dengue está sendo investigada. O Decreto estabelecendo a situação de emergência tem validade de 90 dias.
Rodrigo Benassi reforça que não vê problemas em assumir a Expolíder em um momento de 'emergência' em saúde e reclama da situação em que assumiu a prefeitura. Ele diz que havia um 'descontrole' dos gastos públicos na gestão passada de Hemerson Loureiro, o Maninho (União Brasil), e que o surto de dengue que ocorre na cidade é fruto da falta de ação da prefeitura no recolhimento de lixo e outros cuidados sanitários.
"Os últimos 90 dias da gestão passada foram complicados", analisa o prefeito, citando ainda que a gestão do ex-prefeito teria realizado nomeações políticas para tentar vencer a eleição, bem como deixado o município sem manutenção depois do resultado eleitoral. "Apenas 17% dos maquinários da prefeitura estavam funcionando, quando assumimos", assegura.
Troca com 29 dias
Novato na política, Benassi trocou o titular de uma das principais secretarias do município 29 dias após a posse. Nomeado em 1º de janeiro para o cargo (Portaria 02/2025), Maicon de Lima Pereira foi exonerado em 29 de janeiro (Portaria 167/2025). Agora, na última quinta-feira (06/03), o prefeito nomeou para o cargo (Portaria 291/2025) Adriano Ribeiro Santana.
"Ano passado ele (Adriano) era padeiro e tinha uma licitação pra servir pães e salgados, tanto que é conhecido como Adriano do salgado", revela um morador, informando que a prefeitura teria recursos em caixa, mas estaria 'parada' por falta de gestão.
Rodrigo Benassi nega que o município esteja 'parado' e diz que a troca de secretário ocorreu por 'divergências'. "E farei outras se necessário for", garante.
Sobre a nomeação de Adriano Santana, ele disse que o novo titular da pasta de Infraestrutura já estava atuando em seu gabinete e que resolveu nomeá-lo por bom desempenho. Ele admite que Adriano realmente é conhecido na cidade por ter uma empresa de fornecimento de pães e salgados, mas que não vê incompatibilidade alguma no trabalho já que o empreendimento seria administrado por sua esposa.
Benassi, que é contador por profissão, diz que o fato de exercer sua primeira experiência como gestor de um município como Colíder não o desqualifica. Ele faz questão de lembrar que é conhecido na região por ter conduzido a contabilidade de vários municípios da região. "Vários deles receberam premiações de excelência em gestão. A meta agora é colocar essa experiência em Colíder e já estou fazendo", assinala.
Ele se elegeu prefeito em outubro do ano passado vencendo o então favorito Maninho, candidato à reeleição. Foi eleito com 6.951 votos, o que representou 39,90% dos votos válidos. Maninho conquistou 6.774 votos, totalizando 38,88%.
Benassi tem como 'padrinho político' o ex-prefeito Celso Banazeski. O ex-prefeito acabou deixando a secretaria-adjunta de Desenvolvimento Econômico (Sedec) em que estava lotado no início deste ano e, recentemente, foi nomeado para um cargo de assessoria junto ao vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos).
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