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Situação de emergência na saúde e prefeitura quer pagar com recursos próprios shows da Expolíder
A Câmara Municipal de Colíder rejeitou por 8 votos a 4 a tramitação em regime de urgência do projeto de lei da prefeitura que destina R$ 2,6 milhões de recursos públicos municipais para viabilizar shows artísticos da Expolíder, no próximo mês de julho. Vereadores reclamaram da 'urgência da pauta', bem como das prioridades da prefeitura em um momento em que Colíder vive 'situação de emergência' por causa de surtos de dengue e chikungunya.
Para destinar recursos públicos municipais à feira, que é privada, a prefeitura prevê retirar dinheiro de 20 áreas do orçamento municipal de 2025 (confira o projeto abaixo). Entre as áreas que terão recursos retirados estão infraestrutura, responsável por obras e manutenção de estradas, no valor de R$ 387 mil; limpeza urbana, com renúncia orçamentária de R$ 100 mil; manutenção da coleta de resíduos sólidos, com retirada de R$ 123 mil; reforma e ampliação da rodoviária, com anulação orçamentária de R$ 150 mil; manutenção da fanfarra, banda e coral, retirada de R$ 50 mil, e cancelamento de R$ 50 mil para Guarda Municipal.
Completam as renúncias orçamentárias a retirada de R$ 200 mil do Meio Ambiente, R$ 300 mil do Planejamento, R$ 50 mil de Feiras, R$ 25 mil do programa 'Qualidade de Vida do Servidor', R$ 120 mil de Publicação de Atos, R$ 650 mil do Gabinete do prefeito, R$ 100 mil da Secretaria de Gestão, R$ 50 mil do setor de Assuntos Fundiários, R$ 45 mil de Iluminação Pública, R$ 50 mil Indústria e Comércio (SMINDIC) e R$ 150 mil do item feiras, festas e exposições.
A Expolíder sempre contou com o apoio das administrações municipais para ser realizada, mas com valores muito inferiores de apoio. A Feira atualmente é terceirizada e, no ano passado, a prefeitura destinou R$ 200 mil reais ao evento. Outros R$ 400 mil foram viabilizados pelo Estado através de emenda parlamentar. O investimento público garantiu um dia de acesso gratuíto a show. É a primeira vez que a prefeitura se apresenta para custear todos os shows da feira, garantindo a entrada gratuita dos 4 dias do evento.
A destinação de recursos municipais para viabilizar os shows da Expolíder vem gerando polêmica. A prefeitura acaba de decretar 'situação de emergência' por causa da explosão de casos de dengue e chikungunya neste início de ano. Dados do painel da Secretaria Estadual de Saúde indicam que o município havia registrado em 2025, até o início de março, 426 casos prováveis de dengue, 138 de chikungunya e um de zika. A situação causou superlotação no hospital regional do município e cirurgias eletivas foram suspensas. Pelo menos uma morte teria sido ocasionada por dengue e está sendo investigada.
'Pão e circo'
O projeto que garante o pagamento de shows da Expolíder pela prefeitura foi encaminhado pela prefeitura à Câmara na última sexta-feira (7). Na sessão realizada na segunda-feira (10), a tramitação em regime de 'urgência' do projeto foi rejeitada pelos vereadores por 8 votos a 4. O pedido de urgência provocou críticas na Câmara.
A vereadora Joize Marques (PODE), que teve rejeitada na mesma sessão uma indicação (061/2025) em que propõe a convocação de fisioterapeutas aprovados no concurso público 2022/01 para atuarem na Unidade de Reabilitação de Colíder e nas demais unidades de saúde pública municipal, fez discurso na tribuna da Câmara questionando o projeto.
"(...) O que custa o município, numa hora difícil, estender a mão para esse paciente! O que custa? Eu fiquei extremamente triste com esse veto, líder do prefeito. Triste. Não esperava isso. Nós somos de uma comunidade, Colíder é uma cidade hospitaleira, humana. A gente vê a todo momento as pessoas se solidarizando com rifa, ajudando, aí quando chega a hora do município se posicionar e ajudar, o que acontece? Aí então, no mesmo dia você recebe um projeto aqui (...) de R$ 2,6 milhões para exposição, rodeio. Ora, será que nós voltamos na Idade Média? Estamos agora no período dos Césares, dos Cesanos, pelo qual eram distribuídos pão é circo para a população?", questionou a vereadora.
Na justificativa do projeto, a prefeitura diz que "(...) a Expolíder é um evento de grande relevância para o setor agropecuário, industrial e comercial de Colíder e região, reunindo produtores, empresários, investidores e expositores de diversas áreas. Além de fortalecer o agronegócio, que é a principal base econômica do município, a feira promove o turismo e aquece setores como o comércio, a hotelaria, a gastronomia e os serviços, gerando empregos diretos e indiretos e impulsionando a economia local".
A redação do Midia Hoje tentou contato com o líder do prefeito na Câmara, vereador Rodrigo Patriota (PL), mas não conseguiu retorno. O espaço está aberto para a manifestação do vereador.
Na semana passada, Rodrigo Benassi disse que não via nenhuma contradição em assumir a realização dos shows da Expolíder em um momento de 'emergência' em saúde. Ele reclamou do 'descontrole' dos gastos públicos na gestão passada de Hemerson Loureiro, o Maninho (União Brasil), e apontou que o surto de dengue que ocorre na cidade era fruto da falta de ação da prefeitura no recolhimento de lixo e outros cuidados sanitários, no final da gestão passada. Maninho reagiu, negou as acusações e disse que era para Benasse o esquecer e ir trabalhar. "Como em uma emergência de saúde o prefeito fala em investir um dinheiro desse em festa de rodeio?", questionou o ex-prefeito.
Confira o projeto de lei, bem como a reação da vereadora Joize Marques, nas redes:
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