A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) aproveitou o Dia do Adolescente, comemorado na quarta-feira (21), para divulgar a importância da campanha de multivacinação, que termina no próximo dia 30, incluindo a vacinação contra o HPV.
O imunizante contra o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) foi inserido no calendário vacinal em 2014. A vacina é a melhor forma de prevenir contra doenças causadas pelo papiloma vírus, como verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e cânceres do colo do útero e genitais.
A enfermeira sanitarista Gabrielli Damasceno, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SES, orienta os responsáveis para que levem seus filhos crianças e adolescentes até 15 anos de idade para regularizar a carteira de vacinação contra doenças como o sarampo, a caxumba e a rubéola, difteria e tétano, hepatite B, febre amarela, meningite, catapora e, principalmente, o HPV, que tem uma faixa etária muito específica.
“Quando a criança ou adolescente é imunizado nessa faixa etária – meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos –, eles diminuem em até 70% o risco do câncer do colo do útero, como também as verrugas no aparelho genital, tanto feminino, como masculino”, disse Gabrielli.
Índices baixos
A vacinação está muito baixa no estado do Rio de Janeiro, não só para HPV como para todas as outras vacinas, admitiu a coordenadora. “Porque não adianta tomar uma única dose. Tem vacinas que têm que ser tomadas três doses para ter o esquema completo e, outras, duas doses, como ocorre com o HPV”.
A vacina contra o HPV é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e está disponível nos postos de saúde. Ela protege contra quatro tipos do vírus: o HPV-16 e o HPV-18, ambos de alto risco; e o HPV-6 e o HPV-11, de baixo risco. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o HPV-16 e o HPV-18 são responsáveis por causar pelo menos 70% dos casos de câncer de colo do útero.
No estado do Rio de Janeiro, a taxa de vacinação contra o HPV no primeiro semestre de 2022 para as meninas entre 9 e 14 anos de idade ficou em 54,76% para a primeira dose e 33,27% para o esquema vacinal completo. No caso dos meninos, os percentuais ficaram em 22,45% e 14,02%, respectivamente. “Para a gente entender que essas crianças estão com a cobertura vacinal, só tomando as doses completas daquela vacina”, disse.
Gabrielli Damasceno informou que da mesma maneira que acontece com a imunização contra o HPV, a vacinação contra as demais doenças está aquém do necessário. Para o sarampo, por exemplo, a primeira dose está em torno de 40% e, a segunda, da ordem de 20% do público-alvo. “A poliomielite segue esse mesmo padrão. Não é por falta de imunobiológicos, porque o Ministério da Saúde tem enviado e a Secretaria de Estado de Saúde tem repassado para todos os municípios”.
Transmissão
O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais comuns e geralmente é transmitida pela relação sexual ou contato sexual com uma pessoa com o vírus. A doença pode ser transmitida, inclusive, quando há uso de preservativos.
O vírus sobrevive por muito tempo nas superfícies dos objetos e, dessa forma, também pode ser transmitido através de objetos ou materiais usados por pessoas infectadas.
Fake news
Desde o início de agosto, a SES está realizando em todo o estado, em parceria com as secretarias municipais de Saúde, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação. A ação prevê a atualização da caderneta vacinal de crianças e adolescentes até 15 anos, com a oferta de doses contra sarampo, rubéola e caxumba (tríplice viral), difteria e tétano (DT), hepatite B, febre amarela, meningite (Meningocócica ACWY conjugada), catapora e HPV.
De acordo com a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SES-RJ, o índice de vacinação está baixo devido às fake news. Uma dessas notícias falsas veiculadas nas redes sociais é que as crianças que tomaram vacina contra sarampo, caxumba e rubéola ficaram autistas. “Não tem nada a ver isso. Esse movimento antivacina tem prejudicado muito a cobertura vacinal”, alerta.
Ela reconhece, no entanto, que a pandemia da covid-19 afastou os cidadãos dos postos de saúde em 2020 e 2021. No caso do sarampo, lembrou que o Brasil está no processo de reverificação do certificado de eliminação, que foi perdido em 2019. “A cada dia que passa, outras doenças que podem ser prevenidas por vacina estão sendo reelegidas, porque as pessoas não estão se vacinando. Se a gente tem vacina, por que não se vacinar?”, indagou.
Gabrielli destacou ainda que o Brasil é um país de referência mundial em relação à qualidade de suas vacinas, que são armazenadas, conservadas e exportadas dentro de todos os níveis de segurança, para não perder a validade e eficácia dos imunobiológicos.
“Então, não tem porque não vacinar”.
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