Diferente da secretária municipal de Saúde de Cuiabá, médica Lúcia Helena Barboza, que colocou em dúvida a vacina que tomou contra a covid durante a pandemia, fazendo ilações sobre prováveis efeitos adversos, a secretária adjunta de Atenção Primária na capital, Catarina Célia de Araújo Amorim, publicou em suas redes sociais um depoimento sobre a importância da vacina.
"Sou católica, apostólica, romana, independente da minha opçao religiosa, eu acredito que vacina salva vidas", comentou a secretária adjunta, acrescentando que faz isso "com muito respeito à nossa população, com muito respeito ao conhecimento técnico até aqui produzido. Respeito todas as opiniões. Mas faço a minha verdade, o que eu vivi".
Catarina Amorim é enfermeira, com mais de 20 anos de trabalho na saúde em Cuiabá. A posição foi postado depois que tornou-se público um depoimento da secretária de Saúde, em entrevista ao podcast do site Olhar Direto. Na entrevista, publicada na quinta-feira (8), Lúcia Helena Barboza afirmou que a covid nunca fez nada com ela, mas a vacina teria feito.
A secretária disse que tomou apenas uma dose do imunizante, contrariando recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), e adotou um discurso negacionista ao comentar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e suas falhas na condução da pandemia de covid. “Eu tive covid duas vezes e fiz uma pericardite depois de ter tomado a vacina, a covid não fez nada comigo, a vacina acho que fez”, comentou a secretária de Saúde. “Não fui atrás de saber se era por causa da vacina ou se não era, mas o fato que eu adoeci depois de tomar a vacina”, declarou.
A secretária ainda afirmou não ser contra as demais vacinas e que compartilha com pacientes a sua “experiência” para que eles decidam o que pode ser feito. Helena não comentou se o relato de sua experiência pode condicionar algum paciente a desistir de tomar o imunizante. E tampouco informou se hoje, passado mais de três anos do início da vacinação da covid, mantém a mesma posição.
Catarina Amorim em momento algum cita o nome da secretária, nos 6 minutos do vídeo postado. Deixa claro, porém, tratar-se de uma defesa à importância da imunização, lembrando que neste sábado (10) tem 'Dia D' de vacinação em Cuiabá. "Então eu peço que não só Cuiabá, mas todos os municípios brasileiros, que as pessoas se encaminhem a uma unidade, próxima à sua casa, onde você estiver. Peça para atualizar o seu cartão de vacina", disse a enfermeira, garantindo que sempre tomou todas as vacinas disponíveis pelo sistema de saúde pública.
Ela contou que no final de 2019 e início de 2020 pediu a transferência do Programa de Saúde da Família (PSF) para o Pronto Socorro de Cuiabá. "Foi quando, infelizmente, veio a pandemia da covid. Lá eu estava. Em uma unidade hospitalar que virou referência para covid. (...) Muitos não têm ideia do que a gente passou dentro daquele Pronto Socorro. (Minha) Mãe implorava todos os dias para eu não ir, com medo de eu morrer. Eu só respondia que Deus tinha me colocado ali por um propósito e, através desse propósito, eu tinha que cumprir minha missão. Se fosse da vontade de Deus morrer naquele momento, morrer pela covid, eu estaria preparada. E Deus abençoou que em momento nenhum peguei covid. Aliás, peguei depois que terminou a pandemia, que o Pronto Socorro deixou de ser referência para covid. Me vacinei não só de covid, mas, como fiz a vida inteira, de todas as vacinas disponíveis pra minha faixa etária, para minha condição de trabalho. (...) Ali, na covid, eu tive plantão de enfrentar 12 óbitos, como responsável, juntamente com os enfermeiros da vigilância. (....) Agradeço todo dia ao senhor Jesus porque tudo terminou bem, para alguns, mas infelizmente perdemos muitas vidas. Mais de mil vidas ali foram ceifadas pela covid. Não só pela covid, mas pela influenza, pelo sarampo, e tantas outras epidemais que devastaram o mundo", relatou Catarina.
Fake news
A pericardite, citada pela secretária para colocar em dúvida a vacina contra covid, é a inflamação do pericárdio, a membrana que envolve e protege o coração. Pode ser aguda ou crônica, e é frequentemente causada por infecções, traumas, doenças autoimunes ou outros distúrbios. A informação sobre a pericardite causada por vacina foi amplamente desmentida à época. A notícia foi espalhada principalmente no grupo Médicos Pela Vida, condenado em 2023 por discurso antivacina.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, pesquisadores afirmaram que os ensaios citados pelo grupo para corroborar a afirmação são, na verdade, de revisão (permitem somente a atualização de informações e um resumo sobre as principais pesquisas em torno de um determinado tema) ou observacionais (descritivos e analíticos) e não possibilitam identificar as relações de causalidade entre dois fatores.
Confira a fala da secretária, levantando suposições sobre a vacina da covid (site ehfonte), bem como o depoimento da secretária adjunta de Saúde, em Cuiabá, enfermeira Catarina Amorim:
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