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Vitrine do Conhecimento Sábado, 05 de Abril de 2025, 09:14 - A | A

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PESQUISA CONFIRMA

Vacina reduz em 20% risco de demência em mulheres

Redação

 

Divulgação

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Há muito tempo os cientistas desconfiavam que o herpes-zóster e a demência poderia estar relacionados. Agora, um estudo britânico publicado na revista Nature traz evidências bastante convincentes disso, ao apontar que a vacina contra o vírus varicela-zóster (VVZ) protege principalmente mulheres da demência.

 

“A análise apresentada é o melhor trabalho publicado até agora sobre a relação entre uma infecção viral e o aumento do risco de demência”, avalia Martin Korte, neurobiólogo e professor decano da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Técnica de Braunschweig que não participou do estudo. Segundo ele, a pesquisa “fornece uma evidência convincente de que a vacinação contra herpes-zóster não apenas protege contra uma doença muito dolorosa, mas também reduz significativamente o risco de demência”.

 

As conclusões dos cientistas se baseiam no acompanhamento, ao longo de sete anos, de dois grupos no País de Gales. Segundo eles, a vacinação de pessoas acima de 80 anos provavelmente explica a queda nos diagnósticos de demência. Nas mulheres imunizadas, o risco de desenvolver demência foi 20% menor. Nos homens, não foi constatado nenhum efeito significativo.

 

Mas o estudo monitorou um único imunizante: o Zostavax, feito com uma versão ativa, mas enfraquecida e em pequena quantidade, do vírus.

 

Só que o Zostavax tem menor eficácia, segundo um estudo americano, e por isso hoje a maior parte das pessoas são vacinadas com o Shingrix, um imunizante que não contém o vírus ativo em sua composição.

 

O que é o vírus varicela-zóster?

 

O vírus varicela-zóster pertence ao grupo dos vírus do herpes, que os cientistas associaram à demência. O agente infeccioso é o mesmo que também provoca a catapora (varicela), uma doença mais comum entre crianças, e que provoca febre e erupções aparentes que coçam bastante.

 

Quando o corpo humano se cura da catapora, os vírus remanescentes se refugiam nas células nervosas da medula. Ali, eles permanecem em estado inativo, mas podem "despertar" e se multiplicar anos depois, quando o sistema imunológico estiver enfraquecido. E é aí que surge a doença do herpes-zóster, também conhecida como cobreiro.

 

Quais são os sintomas do herpes-zóster?

 

Os primeiros sintomas do herpes-zóster são mal-estar e febre. Posteriormente, surgem inflamações nos nervos, com prurido e fortes dores.

 

As erupções aparentemente características da doença podem se manifestar em qualquer lugar do corpo, mas geralmente aparecem no tórax. Outras áreas mais comumente afetadas são pescoço, braços, pernas, rosto, olhos e orelhas.

 

Muitas vezes, as lesões avermelhadas aparecem próximas à coluna vertebral e se espalham na horizontal, em direção à barriga, dando lugar a bolinhas doloridas que coçam e se enchem de líquido, e que desaparecem cerca de cinco dias depois. A dor, contudo, pode persistir por mais dias.

 

Bolhas vermelhas na pele humana
Bolhinhas típicas de uma infecção herpes-zóster: o risco de desenvolver a doença aumenta à medida que a idade avança / Foto: CHROMORANGE/imago images

 

Por que a vacina contra o herpes-zóster tem idade diferente nas mulheres?

 

O estudo fornece evidências de que a vacinação contra o herpes-zóster protege contra o desenvolvimento ou o surgimento da demência. No entanto, ainda não está claro como exatamente essa proteção funciona.

 

Outra pergunta que a ciência ainda precisa responder é porque o impacto da vacinação contra herpes-zóster não tem risco de demência diferente entre mulheres e homens.

 

“As mulheres têm maior propensão à demência e apresentam uma resposta mais intensa por meio de mecanismos autoimunes. Dois terços das doenças autoimunes afetam mulheres”, explica Korte. "O estudo pode até estar apontando para esse mecanismo: processos neuroinflamatórios desencadeados por processos autoimunes podem ser possivelmente limitados pela vacinação, o que protege principalmente as mulheres."

 

Neuroinflamação significa que o cérebro está inflamado porque o sistema imunológico, que normalmente protege o organismo, começa a atacar o próprio cérebro ou tecidos, em vez de combater apenas agentes externos, como bactérias ou vírus.

Quem deveria se vacinar contra o herpes-zóster?

 

Cerca de três em cada dez pessoas desenvolvem herpes-zóster ao longo da vida. A doença pode aparecer em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas acima de 50 anos ou com sistema imunológico enfraquecido. O risco aumenta com a idade e, além disso, as mulheres tendem a ter a doença com mais frequência e mais cedo do que os homens.

 

Atualmente, a vacinação contra herpes-zóster é indicada no Brasil para todas as pessoas a partir dos 50 anos, mas está disponível apenas na rede privada e não é coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que vacina apenas bebês e crianças contra o vírus.

 

A vacina atenuada (Zostavax) é administrada em dose única, por injeção subcutânea. Já a vacina recombinante inativada (Shingrix), mais indicada para adultos imunocomprometidos ou com risco aumentado de herpes-zóster, é administrada em duas doses, com intervalos de dois meses entre elas, por injeção intramuscular. O imunizante tem um custo elevado, podendo passar dos R$ 1 mil.

 

Diante das novas descobertas do estudo, Peter Berlit, da Sociedade Alemã de Neurologia, defende que as recomendações de vacinação revistas: "O efeito da vacinação na prevenção ou no retardo da demência é tão grande que isso vira um argumento a favor da imunização para além da proteção contra o herpes-zóster."

 

Na Alemanha, a vacinação também não é coberta pelo sistema público de saúde e só é recomendada a partir de 60 anos. “Precisamos discutir se a vacinação não deveria ser recomendada para todas as pessoas a partir dos 50 anos, pelo menos para as mulheres”, defende Berlit.

 

O neurobiólogo Korte, que também liderou o grupo de pesquisa sobre neuroinflamação e neurodegeneração no Centro Helmholtz de Pesquisa em Infecções, vai ainda mais longe: “Minha recomendação seria ampliar a vacinação.

 

 

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