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opinião Domingo, 25 de Maio de 2025, 08:43 - A | A

Domingo, 25 de Maio de 2025, 08h:43 - A | A

BAR DO BUGRE

CUIABÁ DE OUTROS TEMPOS

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 
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O desabamento do hotel do Chico Jorge — que não era Francisco, e sim Artur — foi um dos fatos mais marcantes da minha vida.

 

Ficava no início da Avenida Presidente Vargas, no encontro com a Rua de Baixo —Galdino Pimentel.

 

Eu morava em uma casinha alugada do seo Américo de Barros, na pracinha que levava à subida do Morro da Luz. Lá ficava o gerador de energia da cidade, o que deu origem ao nome do morro.

 

Era cedo, mas já havíamos despertado. De repente, um barulho ensurdecedor ecoou da Praça da República.

 

Saí correndo para ver o que havia acontecido: o hotel do Chico Jorge havia desabado.

 

Foi a primeira catástrofe que presenciei. Eu tinha meus oito anos de idade.

 

A segunda foi o incêndio na igreja do Senhor dos Passos, na Rua de Baixo com a Voluntários da Pátria. Eu tinha catorze anos.

 

Em 1968 assisti à demolição da Catedral de duas torres — outra tragédia.

 

A enchente do rio Cuiabá em 1974, causou inúmeros desabrigados, alojados nas salas de aulas da UFMT e colégios. Os alunos perderam um semestre de aulas.

 

Entre 1953 e o final de 1964, morei no Rio de Janeiro, onde estudei Medicina.

 

Lá, presenciei grandes tragédias: o suicídio do presidente Getúlio Vargas e a revolução de março de 1964.

 

Cuiabá, naquela época, já era marcada pela violência. Assassinatos eram comuns.

 

Com a modernidade, os crimes passaram a ser comandados por facções criminosas.

 

As maiores tragédias, porém, passaram a ser ambientais. As vítimas? O Pantanal e a Floresta Amazônica.

 

Tragédias humanas são sempre indefensáveis. E vivemos esse terror.

 

A televisão nos mostra cenas jamais vistas, de uma barbárie incompreensível.

 

Algumas casas de saúde foram transformadas em centros contra a própria criatura humana.

 

E as tragédias estão por toda a parte —em cada rua, em cada esquina.

 

Temo pela vida dos meus descendentes, especialmente dos meus bisnetos.

 

Estes enfrentarão uma violência cada vez maior, alimentada pelas desigualdades sociais.

 

A classe média, que sempre serviu de equilíbrio nos conflitos, desapareceu. Sobrou apenas uma fina elite de ricos e uma massa de pobres e miseráveis.

 

1

 

*Gabriel Novis Neves

15-03-2025

 

 

 

*Fotografias de domínio público na Internet, com indicação dos respectivos acervos, em sua maioria publicados no grupo Cuiabá-MT de Antigamente no Facebook <https://www.facebook.com/groups/Cuiabanos/?ref=share&mibextid=NSMWBT>

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

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