Foto: Neale Clark/robertharding/picture Alliance

Nos banhos romanos de Bath foram encontrados microrganismos capazes de combater agentes patogênicos resistentes
No coração da Inglaterra, as históricas termas romanas de Bath, conhecidas desde a antiguidade por seus benefícios terapêuticos, estão no centro de uma pesquisa inovadora. Realizado pela Universidade de Plymouth em colaboração com a equipe local, o estudo revela uma ampla gama de microrganismos capazes de contribuir para a criação de novos tratamentos com antibióticos.
Essa descoberta é crucial, pois a resistência antimicrobiana representa uma ameaça global que causa cerca de 1,27 milhão de mortes por ano e pode aumentar para 10 milhões até 2050, de acordo com pesquisas anteriores .
Há cerca de 2 mil anos, no local conhecido nos tempos romanos como Aquae Sulis, os banhos de Bath foram edificados sobre três fontes termais naturais onde a energia geotérmica mantém a temperatura entre 40ºC e 45ºC.
A água da chuva, filtrada pela rocha calcária das montanhas de Mendip Hills e do vale do Avon, é aquecida a grandes profundidades antes de subir à superfície. Historicamente, essa água tem sido conhecida por suas propriedades curativas, uma crença que agora ganha respaldo científico.

O segredo são as bactérias
Publicado no periódico científico The Microbe , o estudo é o primeiro a fornecer um exame detalhado das comunidades de bactérias e arcadas nas águas dessa famosa atração turística. Usando tecnologias avançadas de sequenciamento, os pesquisadores analisaram amostras de água, sedimentos e biofilmes das fontes termais, incluindo a King's Spring, cujas águas atingem cerca de 45ºC, e a Great Bath, com temperaturas próximas a 30ºC.
Essa análise possibilitou o isolamento de cerca de 300 tipos diferentes de bactérias, com destaque para filos como
Actinobacteria e Myxococcota, conhecidos por sua capacidade de produção de antibióticos.
Desses organismos, 92 apresentaram atividade antibiótica inicial contra patógenos comuns como E. coli e Staphylococcus aureus . Mais impressionante ainda é o fato de que 15 desses microrganismos continham "atividade de ampla espectro" contra pelo menos três espécies do grupo ESKAPE de bactérias multiresistentes, identificadas pela Organização Mundial da Saúde como prioritárias na necessidade de novas antibióticos.
“Esse estudo apresentou pela primeira vez alguns dos microrganismos presentes nos banhos romanos, revelando-os como uma fonte potencial para a descoberta de novos antimicrobianos”, diz o coordenador da pesquisa, Lee Hutt. "É irônico que essas águas tenham sido consideradas durante séculos por suas propriedades medicinais, e agora estamos descobrindo que havia uma base científica para as antigas."
Importância da preservação de ecossistemas exclusivos no planeta
Embora ainda seja necessário permitir mais pesquisas para transformar essas descobertas em tratamentos eficazes, é grande o potencial das fontes termais romanas como origem de novos antimicrobianos. A descoberta não apenas abre um novo capítulo na busca por antibióticos naturais, mas também destaca a importância de preservar e estudar os ecossistemas exclusivos do planeta.
O legado das termas romanas da Inglaterra pode estar preparado para ser enriquecido por um novo capítulo, desta vez no campo da medicina moderna, oferecendo esperança renovada na luta contra uma das grandes ameaças à saúde global.
lr/av (DW,ots)
Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP
Siga a pagina MÍDIA HOJE no facebook:(CLIQUE AQUI)