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variedades Terça-feira, 06 de Setembro de 2022, 07:24 - A | A

Terça-feira, 06 de Setembro de 2022, 07h:24 - A | A

PATERNIDADE TRANS

Sete perguntas para um homem que engravidou

Terra

Foto: Reprodução/Instagram (@fofuxostrans)

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"É importante naturalizar a paternidade trans", diz o influenciador Rodrigo Bryan

 

 

O influenciador digital Rodrigo Bryan, 35 anos, deu à luz uma menina em abril de 2021. A Isabella Victória tem 1 ano e 4 meses e é filha biológica de Rodrigo e sua esposa, Ellen Carine. Rodrigo é um homem trans e Ellen, uma mulher trans.

 

O casal ficou bem conhecido na internet ao registrar toda a gestação em uma conta no Instagram (@fofuxostrans), que nesse momento acumula 170 mil seguidores. No TikTok, eles têm mais de 1,2 milhão.

 

Rodrigo e a ginecologista e obstetra Ana Thais Vargas responderam sete perguntas sobre a gestação de homens trans. 

 

 

Você se imaginava grávido?

 

"Por mais que tivesse vontade de ser pai nunca imaginei gestar, pois sempre me relacionei com mulheres cis e imaginava elas gestando. Quando conheci minha esposa atual, mulher trans, abri a minha mente pois a possibilidade de ter nosso filho biológico era grande", disse ele ao Terra NÓS.

 

 

Como é o Dia dos Pais para você?

 

Para Rodrigo, que não perde uma fase da filha e está sempre presente em sua vida, é importante naturalizar a paternidade trans, sobretudo em dias comemorativos como o Dia dos Pais: "Somos homens e merecemos ser reconhecidos com o gênero que nos identificamos, e temos o direito de formar nossas famílias como qualquer outra".

 

Como foi a preparação para a gravidez?

 

Rodrigo e Ellen precisaram suspender a terapia hormonal. Casado há três anos com a sua esposa, Rodrigo já tinha parado a sua antes de conhecer a mãe de sua filha, que, por sua vez, suspendeu assim que os dois resolveram tentar engravidar.

 


 
 


Por que precisa fazer a suspensão da terapia hormonal?

 

A médica Ana Thais Vargas, ginecologista e obstetra, explica que a testosterona – no caso de Rodrigo, administrada na terapia hormonal – impede a disponibilização dos óvulos. Então, durante o uso do hormônio, é difícil que o homem trans engravide, mas não impossível.

 

Caso aconteça de engravidar durante a terapia, os hormônios podem prejudicar o desenvolvimento do bebê e causar abortos. Por isso, é importante a suspensão da hormonização para uma gravidez segura.

 

O que acontece com a suspensão?

 

Parar o tratamento hormonal pode ser desafiador para o homem trans que quer engravidar. De acordo com Ana Thais, os pelos vão ficando mais finos e a voz vai perdendo o timbre mais profundo, então, o desafio é lidar com essas pequenas mudanças que vão acontecendo.

 

Enquanto as mudanças no corpo do homem trans acontecem de forma lenta quando a terapia hormonal é interrompida, nas mulheres trans acontecem mais rápido. Com a suspensão do estrogênio e da progesterona, as mulheres trans voltam a ter uma voz mais grossa, a ter barba e pelos pelo corpo. Lidar com isso no dia a dia envolve um certo grau de desafio.

 

Vocês já sofreram preconceito?

 

Rodrigo relembra uma experiência ruim dentro de um consultório. “Fui fazer uma ultrassom na rede particular e o médico foi invasivo. Não respeitou meu nome social e ainda fez perguntas do tipo se eu 'tinha colocado o pênis e se minha esposa tinha tirado o gogó'”, recorda. “Algo que era pra ser um momento lindo, poder ver minha filha, foi bem incômodo", disse.

 

Como é o pré-natal de uma gestação trans?

 
 

Rodrigo ficou apreensivo com o conjunto de exames de rotina que devem acompanhar a gravidez. "Fiquei com medo de como ia ser o pré-natal, pois ainda existe muita violência obstétrica. Inclusive já tinha ouvido um relato de outro homem trans que também gerou seu filho", disse. Mas a maioria do processo acabou correndo bem: "Fiz meu pré-natal pelo SUS e me surpreendeu muito, pois por mais que eles não entendessem sobre transexualidade, eles se esforçaram para me atender sem me deixar constrangido”.

 

Ana Thais afirma que os cuidados pré-natais são os esperados para qualquer outra gestação. Do ponto de vista médico, não muda. “O que muda é como a equipe médica vai tratar o casal, como vai atender a pessoa gestante. Pelo nome social, usando os pronomes de escolha? Acolhendo a família, sem nenhum tipo de discriminação?”, explica a médica. “Porque, no fim, continua sendo uma gestação como outra qualquer”.

 

 

 
 

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