A Globo começou a veicular nos intervalos a chamada para a semana de entrevistas com quatro presidenciáveis. Na segunda-feira (22), Jair Bolsonaro vai abrir a série comandada por William Bonner e Renata Vasconcellos, no estúdio do Rio.
Comentaristas da GloboNews apuraram com assessores próximos do presidente que a maior preocupação não é o cara a cara com Bonner, a quem Bolsonaro critica frequentemente e xingou de “sem-vergonha” e “maior canalha”.
O maior temor é o presidente ser grosseiro com Renata. Um comportamento equivocado poderia ser interpretado como machista e afetar o esforço da campanha em reduzir a rejeição que ele tem no eleitorado feminino, visto como imprescindível para determinar o vencedor nas urnas em outubro.
Na sabatina de 28 de agosto de 2018, Bolsonaro e a âncora tiveram um confronto com repercussão negativa para ele.
Contestado por dizer que, caso fosse empregador, não pagaria a uma mulher o mesmo salário de um homem em igual função, o então candidato citou a diferença de ganhos entre os dois apresentadores do ‘Jornal Nacional’.
“Eu tô vendo aqui uma senhora e um senhor. Não sei ao certo, com toda certeza há uma diferença salarial aqui”, disse. “Parece que é muito bom (melhor) pra ele do que para senhora”, disse.
Ao ser citada, Renata Vasconcellos demonstrou desconforto e fez questão de responder. “O meu salário não diz respeito a ninguém, e eu posso garantir ao senhor, como mulher, que eu jamais aceitaria ganhar um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu”, afirmou.
A jornalista ressaltou ainda que, como contribuinte, ajudava a pagar o salário do parlamentar. Bolsonaro retrucou acusando a Globo de receber “bilhões de recursos da propaganda oficial do governo”. Posteriormente, Bonner leu uma nota desmentindo a afirmação do entrevistado.
No auge da pandemia, quando o presidente apelidou a emissora da família Marinho de “TV funerária” por destacar as mortes por covid-19, se referiu à apresentadora de maneira pejorativa. Disse que ela fazia “cara de freira arrependida” quando anunciava os óbitos todas as noites.
A equipe do presidente teme que, desta vez, as perguntas mais contundentes, capazes de tirar Bolsonaro do sério, sejam feitas por Renata e ocorra um novo enfrentamento prejudicial à imagem dele e ao esforço para atrair o voto das mulheres.
Há quatro anos, a presença do candidato da direita rendeu ao telejornal a média de 31,4 pontos na aferição da Kantar Ibope. Nos últimos meses, o ‘JN’ raramente marca acima dos 26 pontos. Há expectativa de que a entrevista com o presidente gere recorde de público.
Na terça (23), Bonner e Renata receberão Ciro Gomes. O ex-presidente Lula será o convidado na quinta (25). Simone Tebet vai encerrar a série na sexta-feira (26).
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