Espécies importantes para a biodiversidade mundial estão ameaçadas de extinção, segundo revela a 14ª edição do Relatório Planeta Vivo (em inglês, Living Planet ReportLPR) da World Wide Fund for Nature (WWF), organização não-governamental internacional voltada à preservação do meio ambiente. No Brasil, entre os animais que tiveram queda na sua população nas últimas cinco décadas está o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), mascote da Copa do Mundo de 2014, e a ave tiriba-do-paranã (Pyrrhura pfrimeri), ambos moradores do Cerrado.
Segundo o relatório da WWF, uma das principais causas do desaparecimento dessas populações é o avanço do agronegócio sobre áreas de vegetação nativa do Cerrado.
“Em um período de cinco anos, o tatu-bola viu aumentar em 9% a cultura de soja dentro dos limites da sua distribuição, na região do Matopiba”, destaca a gerente de Ciências da WWF-Brasil, Mariana Napolitano.
“No caso da tiriba-do-paranã, a perda de área natural é de 70%. Como ela depende muito das florestas secas que ocorrem nos afloramentos rochosos de calcário da região para procurar alimentos como flores, sementes e frutos, o desmatamento e a conversão de áreas para a plantação de soja e pasto são considerados as principais ameaças à espécie”, explica Napolitano.
Além do tatu-bola, espécies icônicas da fauna brasileira estão ameaçadas, entre elas a onça-pintada no Pantanal, o boto, na Amazônia, e o gato-palheiro, no Pampa, Rio Grande do Sul.
Assim como os animais brasileiros, o relatório da WWF mostra que outras espécies têm quedas significativas nas suas populações em todo o mundo. Entre eles o gorila da planície oriental, que teve um declínio estimado de 80% no Parque Nacional Kahuzi-Biega da República Democrática do Congo entre 1994 e 2019.
Entre 1977 e 2019, a população de leão-marinho australiano registrou uma queda de 64% neste período.
Animais vertebrados
Segundo o levantamento do WWF, as populações monitoradas de vertebrados – mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes – tiveram uma queda de 69% em média desde 1970. Nos últimos 48 anos, as espécies analisadas na região da América Latina e do Caribe encolheram 94%, em média.
O relatório indica que os principais fatores da diminuição das populações de vertebrados em todo o mundo são a degradação e perda de habitat, exploração, introdução de espécies invasoras, poluição, mudanças climáticas e doenças. Vários desses fatores são responsáveis pela redução média de 66% das populações da África, bem como na queda de 55% das populações da Ásia e região do Pacífico.
Para a WWF, entregar um futuro positivo para a natureza não será possível sem reconhecer e respeitar os direitos, governança e liderança de conservação dos povos indígenas e comunidades locais em todo o mundo.
Das quase 32 mil populações de 5.230 espécies mapeadas compõem o Living Planet Index- LPI (Índice Planeta Vivo), o levantamento mostra um declínio médio de 69% entre 1970 e 2020 nas populações de vertebrados monitorados.
A mudança percentual no índice reflete a mudança proporcional média no tamanho das populações animais monitoradas pelo menos em dois momentos ao longo de 48 anos – não o número de animais individuais perdidos nem o número de populações perdidas.
Segundo o diretor de Conservação e Política da Sociedade Zoológica de Londres, Andrew Terry, o Índice Planeta Vivo destaca como abalamos a própria fundação da vida e a situação continua a piorar. “Prevenir mais perdas de biodiversidade e restaurar ecossistemas vitais devem estar no topo das agendas globais para enfrentar as crescentes crises climáticas, ambientais e de saúde pública”.
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