28 de Abril de 2025

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opinião Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025, 08:16 - A | A

Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025, 08h:16 - A | A

ARTIGO

ECONOMIA EXPORTADORA

*VIVALDO LOPES

 

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Segundo dados preliminares divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior, a balança comercial de Mato Grosso apresentou saldo positivo de aproximadamente U$ 25 bilhões em 2024. Saldo da balança comercial é o resultado da soma de todas as exportações, menos as importações em determinado período. A economia do estado exportou U$ 27,7 bilhões e importou apenas U$ 2,8 bilhões.

 

Os principais produtos foram soja em grãos e derivados da soja, algodão, milho, carnes in natura e processadas. Do lado das importações, os produtos mais comprados por mato-grossenses foram adubos químicos, fertilizantes agropecuários, bens de capital (maquinários), bens de consumo e aeronaves. O estado ampliou o portfólio de países para os quais exporta, chegando a 148. Mas o maior parceiro comercial continua sendo a China.

 

A despeito de ter desenvolvido um excelente fluxo comercial com grande número de países, tornando o comércio exterior um componente relevante do crescimento econômico, Mato Grosso tem sua matriz econômica caracterizada pela exportação de bens agropecuários e extrativos primários e semi-elaborados, principalmente soja e carnes bovina, frangos e suína.  A industrialização da produção agropecuária avança a passos largos, mas atende prioritariamente o mercado interno, com baixa inserção na corrente de comércio exterior.

 

Segundo a mesma Secex/Midc, a balança comercial do Brasil teve saldo comercial positivo de U$ 74,5 bilhões. O segundo maior da série histórica desde 1997. Menor apenas do saldo histórico de U$ 99 bilhões de 2023. O país exportou U$ 337 bilhões e importou U$ 262,5. A corrente de comércio exterior (exportações mais importações) também é o maior da série, atingindo o montante de U$ 599 bilhões.

Trabalho com o cenário base que Mato Grosso vai aumentar suas exportações em 2025.

 

Nas exportações, em razão da queda de safra e de preços dos produtos agrícolas, pela primeira vez, petróleo bruto e combustíveis foram os principais produtos exportados pelo Brasil, superando a soja, seus derivados e minério de ferro que sempre lideraram a pauta de produtos exportados pelas empresas brasileiras.

 

As importações tiveram aumento expressivo. O destaque foi o aumento das compras de bens de capital, para aumento das bases produtivas industrial e comercial, crescimento da aquisição de bens intermediários (insumos industriais), bens de consumo, veículos automotores e aeronaves. Todos esses movimentos refletem um consumo interno aquecido pelo aumento do emprego e da renda do trabalho.

 

O aumento das importações de bens intermediários e bens de capital é uma boa notícia. Significa que as empresas estão importando mais para aumentar a produtividade e a capacidade produtiva a fim de atender a demanda doméstica aquecida.

 

A leitura do saldo da balança comercial é vista de forma positiva pelos especialistas, pois as exportações ficaram no mesmo patamar elevado de 2023. A queda do saldo comercial se deu pelo aumento das importações, impulsionadas pelo aumento das compras no exterior de bens de consumo pelas famílias, veículos automotores, bens intermediários e bens de capital pelas empresas.

 

Trabalho com o cenário base que Mato Grosso vai aumentar suas exportações em 2025. As molas propulsoras do aumento das exportações do estado são  a boa safra agrícola deste ano e o aumento das importações da China que comprará mais soja, milho e carnes do Brasil e menos dos Estados Unidos, como forma de enfrentar as agressivas medidas de restrições comerciais que o presidente Donald Trump promete impor aos chineses.

 

O cenário para a economia nacional em 2025, no comércio exterior, não será muito diferente de 2024. O saldo comercial será maior que o verificado em 2024, podendo chegar a U$ 80 bilhões. As exportações devem ficar em patamar elevado e até subirão um pouco. As importações serão reduzidas pela retração da atividade econômica, pressionada pelo elevação do custo do crédito (Selic em 14,25%), taxa cambial próxima de R$ 6, insegurança sobre a capacidade da administração federal conseguir equilíbrar as contas públicas e incertezas causadas pelas medidas inflacionárias que o presidente Trump promete implantar nas áreas tributária (reduzir impostos das empresas e das famílias) política monetária (cobrir déficits fiscais com expansão da dívida) e comércio exterior (aumentar tarifas de importação de produtos originários da China, União Europeia, Canadá e México).

 

Todas essas medidas produzirão alto impacto na precificação do dólar. Como consequência, afetarão as economias de todos os países, com efeitos mais negativos nas moedas e políticas monetárias dos países emergentes, como é o caso do Brasil.

 

*VIVALDO LOPES é economista.

 

 

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

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