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opinião Segunda-feira, 03 de Junho de 2024, 08:59 - A | A

Segunda-feira, 03 de Junho de 2024, 08h:59 - A | A

OPINIÃO

DESIGUALDADES SOCIAIS EM MATO GROSSO  

*VIVALDO LOPES

 

Marcos Lopes/AL-MT

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Na última semana, duas instituições respeitadas mundialmente, divulgaram estudos que confirmam a urgente necessidade de Mato Grosso vencer um dos seus grandes desafios estratégicos: reduzir as desigualdades sociais e manter o acelerado ritmo de crescimento.  

 

O primeiro é o estudo “Censo 2022 – Alfabetização: resultados do universo”. Produzido por pesquisadores do IBGE a partir de dados do Censo 2022, trás uma radiografia da situação do analfabetismo no país. O indicador é construído a partir de pergunta feita a pessoas com 15 anos ou mais, se consegue escrever sozinha um bilhete simples. As que responderam “não” são consideradas analfabetas.

 

A pesquisa mostra que, em 2022, o Brasil tinha 5,4% de sua população com 15 anos ou mais consideradas analfabetas, abrangendo um contingente de 9,3 milhões de brasileiros.  

 

Nessa pesquisa, Mato Grosso ocupa posição intermediária. O estado ainda tem 5,8% de sua população considerada analfabeta. Não está nas piores posições, mas também não ocupa as primeiras, atribuídas ao Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.  

 

Outro estudo faz uma atualização da situação do desenvolvimento humano em todos os estados e municípios brasileiros em 2021. Foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud). O IDHM estima o estágio de desenvolvimento humano das populações com base no acesso ao conhecimento (educação), uma vida longa e saudável (saúde) e condições de vida decente (renda). 

 

O índice vai de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor a condição de vida da população do município. Novamente Mato Grosso aparece em situação intermediária, ocupando a 11ª. posição entre os 27 estados. 

 

Não basta simplesmente continuar crescendo de forma acelerada. Para se tornar sustentável, um novo ciclo econômico precisa contemplar a redução das desigualdades econômicas e sociais

 

O IDHM do estado é considerado alto (0,736), mas, abalrroado pela pandemia da covid-19, caiu 5,5% em relação ao mesmo índice de 2019, que era de 0,779. Ficamos atrás de Goiás e Mato Grosso do Sul. Os estados com os melhores IDHM (muito alto) são Distrito Federal (0,814) e São Paulo (0,806).  

 

Outro indicador que reflete o paradoxo de um estado cuja economia cresce a taxas chinesas ao mesmo tempo que convive com desigualdades sociais: a elevada quantidade de famílias que dependem dos programas de transferência de renda dos governos estadual e federal para sua sobrevivência básica.  

 

Comparativamente com outros estados, nos três indicadores sociais Mato Grosso não está tão mal posicionado. Mas quando a comparação é feita levando em consideração o desempenho econômico, nota-se um hiato desconfortável entre a posição econômica e a social.

 

Se exercitarmos uma analogia com o futebol, no jogo econômico, o estado ganha o campeonato nacional e sempre disputa as finais da Libertadores da América. Já no campeonato social, lutamos no grupo intermediário do Campeonato Brasileiro, onde estão aqueles clubes que não têm risco de rebaixamento para a série B, mas também não alcançam os quatro primeiros lugares.  

 

É de amplo conhecimento nacional e global o “case” de sucesso da economia Mato-grossense a partir da década de 1990. O estado consolidou-se como potência econômica emergente, ocupando a posição de liderança nacional em produção agropecuária e na agroindustrialização, aumentando sua participação relativa no PIB brasileiro de 0,69% para 2,6% (IBGE, 2021).  

 

A despeito de Mato Grosso figurar sempre entre os cinco melhores estados em crescimento econômico, não ocupa as mesmas posições de destaque quando se trata de indicadores sociais e educacionais. O desafio estratégico de Mato Grosso é também se tornar campeão nacional em qualidade de vida e oportunidades de ascensão social.  

 

A transição para estado desenvolvido exige superar as desigualdades econômicas e sociais. É condição sem a qual o estado corre o risco de não ter o mesmo sucesso conquistado na transição de economia de subsistência para a de potência agroindustrial.  

 

Não basta simplesmente continuar crescendo de forma acelerada. Para se tornar sustentável, um novo ciclo econômico precisa contemplar a redução das desigualdades econômicas e sociais, ou seja, crescer com mais qualidade e mais oportunidades.   

 

*VIVALDO LOPES é economista.

 

 

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

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