Uma das melhores coisas da minha vida é brincar com os meus bisnetos.
A cada semana que vêm me visitar chegam cheios de novidades —e fazem questão de me mostrar tudo.
Que alegria sentem em compartilhar o que aprenderam na escola!
João Gabriel desfila com as mãos nos bolsos da calça nova e exibe palavras em inglês com um sorrido maroto.
As meninas desenham com graça e leveza, e até a caçulinha, com apenas um ano, já não estranha mais rostos diferentes que encontra por aqui.
Fico encantado com a alegria desses pequerruchos, transbordando afeto e vivacidade!
Estão animados com a festa de aniversário do biso e querem participar de tudo.
Felizes eram os meus avós com suas famílias numerosas, de quinze a dezoito filhos.
Quantas histórias daquele tempo em que as famílias se entrelaçavam, compartilhando tudo, sem brigas nem ciúmes — e as crianças reinavam absolutas.
Meu pai adorava contar causos de sua infância, hoje quase inacreditáveis.
A meninada corria livre pela vizinhança, e, ao fim do dia, quando era hora de fechar a casa, minha avó reunia os pequenos, conferindo um a um — pois sempre havia algum que dormia em casa alheia.
Mudou — e muito — a infância do tempo do meu pai para a geração dos meus bisnetos. Só não mudou a alegria de ser criança!
As camas? Eram os azulejos espalhados pelo chão da casa.
E ninguém se resfriava, sentia dores ou pedia um cobertor, mesmo numa época sem vacinas, sem antibióticos e com um único hospital: a Santa Casa da Misericórdia, dirigida pelas irmãzinhas de caridade.
Dos quinze filhos do meu avô, apenas os três mais velhos — e o caçula — puderam estudar no Rio de Janeiro.
Os demais não concluíram o ensino médio e permaneceram por aqui, fazendo pequenos biscates como cobradores de médicos ou ajudantes no comércio.
As últimas quatro gerações mudaram muito. A qualidade de vida melhorou substancialmente.
Hoje as crianças são vacinadas, frequentam a pré-escola e, no ensino fundamental e médio, estudam em colégios internacionais. São alfabetizadas em inglês e iniciadas desde cedo nas novas tecnologias.
Mudou — e muito — a infância do tempo do meu pai para a geração dos meus bisnetos.
Só não mudou a alegria de ser criança!
*Gabriel Novis Neves
06-05-2025
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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