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geral Quinta-feira, 29 de Fevereiro de 2024, 07:00 - A | A

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"DOUTRINAÇÃO MARXISTA"

Milei proíbe linguagem neutra no governo da Argentina

DW

 

Foto: Halil Sagirkaya/Anadolu/aliança de imagen

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Eleito presidente da Argentina com um discurso baseado na defesa da intransigente da liberdade, o presidente argentino Javier Milei irá proibir o uso da linguagem inclusiva em documentos de administração pública, bem como de "tudo relacionado à perspectiva de gênero ".

 

A informação foi divulgada na terça-feira (27/02) pelo porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, que detalhou a jornalistas o que a medida significa na prática: "Não será permitido usar a letra E, a arroba nem o X , será evitado o uso desnecessário do feminino em todos os documentos da administração pública." 

 

As letras E, X e o sinal gráfico do arroba (@) são usados ​​por defensores da linguagem inclusiva para adaptar palavras que, na norma culta, são comumente flexionadas no genérico masculino para se referir a um coletivo – por exemplo, "os enfermeiros", para designar um grupo de profissionais independentes destes se identificarem como homens, mulheres ou pessoas não-binárias –, ou palavras que só existem na forma masculina e/ou feminina, e que por este motivo são percebidas como excludentes por pessoas que não se identificam apenas com um desses gêneros, ou com nenhum deles.

 

Até então, uma linguagem inclusiva, apesar de opcional, foi usada por alguns órgãos argentinos de Estado, como o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), que foi desmanchado pelo governo na semana anterior sob o argumento de que " não servia para nada".

 

"A linguagem que contempla todos os setores é o espanhol, então não vejo necessidade de ter estruturas…", continuou Adorni, antes de ser interrompido por um jornalista que descobriu que há um debate sobre o uso da linguagem inclusiva. "Bem, é um debate no qual não vamos participar porque consideramos que as perspectivas de gênero também foram usadas como negócio político, então para nós isso não está em discussão", respondeu o porta-voz, acrescentando que uma resolução semelhante já havia sido empregada pelo Ministério da Defesa e estaria agora apenas sendo contínuo ao resto do governo.

 

Segundo comunicado da Defesa publicado nesta segunda, o objetivo da resolução é "eliminar formas incorretas de linguagem que possam gerar uma interpretação errônea" do que se deseja comunicar – tais como "soldada", "sargenta" ou "soldades", que seriam uma descaracterização do idioma espanhol. Na interpretação da pasta, isso afetaria "a execução de ordens e o desenvolvimento das operações militares".

 

Linguagem neutra é tema divisivo

 

Milei já se referiu no passado à linguagem inclusiva como "ideologia de gênero", apontando-a como um instrumento de "doutrinação" do "marxismo cultural", suposto movimento para subverter a ordem social no Ocidente.

 

O posicionamento do governo de Milei está em linha com o que preconiza a Real Academia Espanhola (RAE), uma instituição dedicada à norma linguística dos países de língua espanhola, em um documento de 2020: "O uso da arroba ou das letras E e X como supostos marcadores de gênero inclusivo é alheio à morfologia do espanhol, além de desnecessário, já que o masculino gramatical já cumpre essa função."

 

Para a RAE, o sexismo e a misoginia não são características específicas da língua, e sim resultado do uso que as pessoas fazem dela. "[Isso] Não se corrige melhorando a gramática, e sim erradicando preconceitos culturais, através da educação."

 

*DW

 

 

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