O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou no sábado (1), durante seu discurso na abertura anual do Congresso, que o Mercado Comum do Sul (Mercosul) só serviu para "enriquecer os industriais brasileiros" às custas dos argentinos, reiterando que está disposto a abandonar o bloco, que reúne cinco países latino-americanos.
- O único resultado que o Mercosul conseguiu desde sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros, às custas de empobrecer os argentinos", declarou o mandatário ultraliberal em seu discurso no Congresso.
Milei reiterou seu desejo de negociar um acordo comercial com os Estados Unidos e lembrou que, para isso, está "disposto a flexibilizar ou até mesmo, se necessário, sair do Mercosul", união fundada em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e à qual a Bolívia aderiu em 2023.
O presidente argentino já havia declarado em janeiro, na cidade suíça de Davos, que estava pronto para deixar o Mercosul caso fosse necessário para obter um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. "Se essa fosse a condição extrema, sim", afirmou no contexto do Fórum Econômico Mundial.
Os países que compõem o Mercosul, cuja presidência semestral rotativa está atualmente nas mãos da Argentina, devem negociar em conjunto os acordos com outras nações ou blocos.
No dia 6 de dezembro do ano passado, em um acontecimento histórico, o Mercosul e a União Europeia finalmente chegaram a um acordo para liberalizar o comércio entre ambos (excluindo a Bolívia), embora ele ainda precise ser ratificado antes de entrar em vigor, em um processo que pode levar anos.
No entanto, o acordo é rejeitado por vários países europeus, liderados pela França, que exigem que os agricultores sul-americanos respeitem as mesmas normas ambientais e sanitárias da Europa para evitar uma concorrência desleal.
Motossera
Aos congressitas, Javier Milei também afirmou que a "motosserra" com a qual faz referência ao seu plano de desmonte estatal "é um símbolo de uma mudança de época" que "continuará por anos".
- A motosserra, hoje, é um símbolo de uma mudança de época, o início de uma nova era dourada para a humanidade, mas desta vez, no lugar de ir na contramão do mundo, a Argentina está na vanguarda - declarou.
Ele considerou que "os olhos do mundo hoje estão voltados para a Argentina" e que "em alguns casos, inclusive, tomam nota" do que sua gestão tem feito "para aplicar em seus próprios países, como está fazendo Elon Musk à frente da pasta de desregulamentação dos Estados Unidos".
Em um discurso repleto de dados econômicos e ataques à oposição, afirmou ainda que "a motosserra não é apenas um programa de governo, é uma política de Estado que seguirá por anos e não parará até que encontre o fim do Estado no longo prazo".
Milei anunciou que a Argentina está perto de chegar a um novo acordo que incluiria um desembolso do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que permitiria "eliminar ainda este ano" os controles cambiais.
Durante a primeira metade de seu discurso de 45 minutos, Milei revisou a herança recebida e classificou seu programa econômico como "o mais bem-sucedido até agora": "Reduzimos a inflação a uma velocidade sem precedentes", disse.
Ele celebrou a demissão de 40 mil funcionários públicos, a eliminação do Instituto de Cinema, do Ministério da Mulher, do Instituto contra a Discriminação e da agência de notícias estatal Télam, que chamou de "caixas de militância".
Disse, ainda, que suprimiu as obras públicas porque eram "uma das falcatruas da política" e convidou a "erradicar a mentira de que a obra pública gera empregos", afirmando que, na verdade, "gera impostos".
Também prometeu impulsionar uma modificação no sistema trabalhista, uma "reforma tributária estrutural" e uma "profunda reforma migratória".
O anúncio sobre a reforma trabalhista ocorre no mesmo dia em que o sindicato dos trabalhadores do setor público denunciou uma nova onda de quase 3 mil demissões e após a perda de 200 mil postos de trabalho em 2024.
*Confira na íntegra em O Globo
Ameaça de Milei em postagem portal Itatiaia:
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