O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, negou em interrogatório, nesta terça-feira (19/11), ter conhecimento sobre o plano de assassinato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele foi intimado a depor na sede da Polícia Federal, em Brasília, após a deflagração da Operação Contragolpe, que cumpriu cinco mandados de prisão preventiva contra quatro militares do Exército e um policial federal, suspeitos de integrar grupo criminoso que teria planejado sequestros e mortes de autoridades em 2022.
As informações vieram à tona depois que a PF conseguiu recuperar arquivos e dados deletados de aparelhos eletrônicos de Mauro Cid. Como ele fechou um acordo de delação premiada em setembro do ano passado, os investigadores suspeitam que ele pode ter omitido detalhes cruciais para o andamento do caso.
Nesta terça, segundo a advogada Vania Bitencourt, o militar foi questionado, basicamente, sobre o plano de sequestro e morte de autoridades. Segundo ela, Cid negou ter conhecimento da ação. “Ele alegou desconhecimento. [Ele] não sabe mesmo. Desse [caso], ele não participou. O que ele não sabe, não pode dizer”, conta ela.
Mauro Cid chegou ao prédio da Polícia Federal, em Brasília, às 14h06 desta terça-feira, acompanhando pelos advogados, e deixou o local às 18h51. O interrogatório, no entanto, só começou por volta de 16h, pois o delegado responsável pelo caso estava em deslocamento do Rio de Janeiro para Brasília.
Operação Contragolpe
Ao todo, foram cumpridos, nesta terça, cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas em ações no Rio, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Os alvos da operação são:
– general da reserva Márico Fernandes: foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) e atua hoje como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL), ex-ministro da Saúde.
– tenente-coronel Hélio Ferreira Lima: comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, e foi destituído do cargo em fevereiro deste ano;
– major Rafael Martins de Oliveira: major das Forças Especiais do Exército. Acusado de negociar com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília;
– major Rodrigo Bezerra Azevedo;
– e o policial federal Wladimir Matos Soares.
Acordo de delação
O acordo de delação premiada de Mauro Cid foi celebrado em setembro de 2023, após ele ser preso pela PF na Operação Venire, que investiga fraudes em certificados de vacinação contra a Covid-19, durante a pandemia.
O militar chegou a ficar quatro meses na prisão, entre maio e setembro do ano passado, e foi solto por decisão do ministro Alexandre de Moraes, após o acordo de delação premiada.
Diante da suspeita de que ele teria descumprido as regras do acordo, ainda não se sabe quais consequências Cid pode sofrer. A advogada dele alega que todas as exigências foram cumpridas, até então.
“Toda vez, que ele é chamado, ele vai e fala o que sabe. Não tem como ele inventar. Acreditamos que o acordo vai ser homologado. Não tem porque não ser mantido”, diz Vania Bitencourt.
*Via Metrópoles
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