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geral Terça-feira, 26 de Novembro de 2024, 08:35 - A | A

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BOICOTE AO CARREFOUR

CEO do Carrefour pede desculpas por criticar qualidade de carne brasileira; Fávaro vê "vitória"

Redação

 

Reprodução

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O diretor-presidente do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, escreveu uma carta com um pedido de desculpas e ressaltando a qualidade da carne brasileira após a crise instalada por ter anunciado veto à carne do Mercosul na semana passada e questionar a qualidade do produto da região.

 

"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito as normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas", diz um dos trechos da carta que o NeoFeed teve acesso. 

 

"O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros", afirmou ainda Bompard em outra parte do texto. 

 

De acordo com o NeoFeed, a carta foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e para assessores próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

 

Confira a carta na íntegra:

 

Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Senhor Carlos Fávaro,

 

A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como Diretor-Presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la.

 

O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil. 


Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.

 

Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos.

 

O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130.000 colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.

 

Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito as normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas.

 

O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros.

 

Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.

 

Atenciosamente,

 

Alexandre Bompard

Diretor-Presidente do Grupo Carrefour 


Entenda o caso

 

A crise começou na última quarta-feira, 20, quando Bompard compartilhou em suas redes sociais que a rede não compraria mais carnes vendidas pelo Mercosul. Segundo o posicionamento enviado ao sindicato agrícola francês, o ato era em solidariedade aos protestos locais contra o acordo entre o bloco e a União Europeia. Além disso, ele questionou a qualidade da carne da região.

 

O posicionamento do diretor-presidente não foi bem recebido pelo governo brasileiro, nem pelos frigoríficos, que declararam um boicote à empresa. Na tarde desta segunda-feira, unidades do Carrefour em São Paulo já registravam falta de carne nas prateleiras, incluindo marcas como JBS, Marfrig e Friboi.

 

Para o governo brasileiro, caso não houvesse uma resposta firme, outros países ou blocos econômicos poderiam questionar a qualidade da carne brasileira e de países vizinhos, o que geraria um grande efeito em cascata. 

 

Na segunda-feira, representantes do Carrefour e da Embaixada França em Brasília informaram ao Ministério da Agricultura que Bompard estava preparando uma carta com um pedido de desculpas ao Brasil e aos frigoríficos brasileiros.

 

Vitória do Brasil

 

Em entrevista ao blog do jornalista Valdo Cruz, do G1, Carlos Fávaro classificou a retratação desta terça como uma "vitória" do Brasil. Frisou que o país sai "fortalecido para negociações como a do acordo Mercosul e União Europeia". "Agora, tudo volta ao normal", disse.

 

*Com Terra

 

 

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