Para compreender um pouco mais do ativismo em rede, especialmente relacionado às mulheres negras, a professora Mory Márcia de Oliveira Lobo, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) desenvolveu o trabalho “Mulheres negras em Rede: Materialidades Discursivas no Facebook”. A proposta da professora, orientada pelo professor Cristiano Maciel, é discutir sobre a escrita negra ativista nas tintas de pesquisadoras negras que utilizam das redes sociais para consumir e produzir conhecimento.
Mory Lobo explicou que a pesquisa buscou compreender os fenômenos que permeiam o ativismo de mulheres negras em rede na página do Fórum de Mulheres Negras MT no Facebook analisando a imagem como discurso. “Essa imagem comunica a luta para a desconstrução de discursos que tratam o corpo e a mente de seres humanos como colônia do biopoder. Dessa maneira, há em curso, o rompimento do silenciamento da mulher negra a partir de uma atuação política dentro de um aparelhamento ideológico em que a luta de classes empreende também, uma luta imagética”, analisou a professora.
Mory Lobo olha ainda para os desafios as mulheres negras nesta participação em rede e os caminhos para a superação destas dificuldades. “A tese abre um canteiro de possibilidades para outros recortes de estudo que contemple a investigar as relações raciais de gênero sob o olhar ontológico e por uma imagética digital que retrate outras formas de poder”, afirmou citando como exemplos desta forma de poder a cultura do cancelamento e o biopoder imagético.
Para a professora, “o maior desafio dessas mulheres pretas em rede será localizar outras questões que também operam como formas de poder por algoritmos que tem causado tensões e mobilizações em redes sociais”. Segundo Mory Lobo o Fórum de Mulheres Negras Mato Grosso comunica em sua página no Facebook a proposta de tranversalização de uma nova configuração de sujeitos orientados para destituir o opressor do poder das mentes colonizadas.
Na visão de Mory Lobo, a libertação social é consequência da libertação da mente e a ciência é uma arma poderosa para mulheres negras brasileiras que desestruturam e desestabilizam a colonização, os discursos racializados e sexistas. “Por causa do trabalho dessas mulheres, foi possível chegar aos resultados deste trabalho de pesquisa. Qual era o desejo delas? Respondo: o desejo dessas mulheres era que todos os negros brasileiros sentissem em casa, que o Brasil fosse realmente a nossa casa”, afirmou.
Mudanças passam por transformações na linguagem
Segundo a professora, a mulher negra referenciada na tese é olhada em uma perspectiva subjetiva dentro de um espectro social contextualizado na sua história de vida relacionada a uma estrutura de ordem patriarcal, racista e burguesa de exploração nas relações de poder.
“O ativismo em rede investigado reverbera uma luta pelo desmonte dos meandros da colonização em que, mudanças de mentalidade, hábitos e modos operandis de vida são reivindicados nos espaços em que a representatividade negra entra em choque com as operacionalizações de biopoder nos moldes da sociedade burguesa e de ordem capitalista”, ressaltou.
As questões, para Mory Lobo, forçam a localização do lugar de fala de mulheres negras trabalhadoras e participantes ativas nesse movimento por transformação desse cenário. “Os elementos imagéticos relacionados às questões de gênero e de cunho racial foram se desenvolvendo durante o processo de estudo das disciplinas do doutorado no qual a busca por metodologias e fundamentação teórica só foi possível após o início do monitoramento dos grupos, páginas e comunidades”, reforçou a professora.
A professora Mory Lobo explica que a pesquisa revelou que crenças da colonização, eugenia, ideologia do branqueamento, sexismo e discriminação aprisionaram a Cosmovisão em um sistema de poder alogangado de dimensão macro até chegar às micro relações. “A compreensão de todo o processo de despersonalização e o adoecimento dessa Cosmovisão,foram elementares para a compreensão da definição dos discursos imagéticos, ou seja, as imagens produzidas pelo Fórum de Mulheres Negras MT na rede social Facebook é intencional em libertar as mentes ainda cativas pela colonização”, pontua a professora destacando que a mudança passa por transformações na linguagem.
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