Em um vídeo, agora excluído, Thiago Paschoal, que se identifica como policial penal do Distrito Federal, explicou a razão pela qual as forças de segurança tiveram dificuldade em prender Lázaro, 32 anos, criminoso que mobilizou a polícia e foi morto na manhã de segunda-feira (28/6), após troca de tiros.
Segundo ele, nenhum dos mais de 200 membros da força-tarefa responsável pela caça tinham conseguido a façanha, pois Lázaro estava “na mata”, conhecia o local e “subia em árvores”. E mais: para Paschoal, o fugitivo carregava o “capeta”.
O vídeo publicado por ele na plataforma TikTok é mais um dos virais da rede que utilizaram do caso Lázaro, criminoso que ganhou os holofotes após permanecer por 20 dias em fuga, para ganhar engajamento.
Assim como aconteceu com o agente, as menções ao caso vêm ajudando contas a ganhar seguidores e aumentar engajamento na rede. O perfil @casalpolicial, que posta vídeos com detalhes da vida pessoal de uma dupla de policiais no Espírito Santo, usou da tática para disparar os números.
Em imagens que bombaram nas redes, o policial aparece com a arma para baixo, ao som de uma trilha sonora. Ele, no entanto, não trabalhou nas buscas por Lázaro, mas agradeceu mesmo assim ao apoio dado para a polícia.
Janderson Toth, pesquisador do Laboratório de Computação Social e Análise de Redes Sociais, da UFRJ, afirma que a produção deste tipo de conteúdo por forças policiais serve para reafirmar a importância policial e pessoal na operação.
“É como se eles estivessem na ‘frente de todo mundo’, uma necessidade de parecer estar sabendo com exclusividade do caso’, afirma Toth.
Na rede social, vídeos que “imaginavam” como era a vida de Lázaro como fugitivo são os que possuíam maior relevância. Segundo o Tiktok, o post com maior engajamento mostra como Lázaro fugia da polícia: um homem aparece fardado, com uma arma de brinquedo ao punho andando procurando o criminoso, enquanto um outro homem, que finge ser Lázaro, aparece em cima de telhados, árvores, a vista do policial, que não o vê.
Alguns perfis tentaram, inclusive, se passar por Lázaro. Um deles alcançou 44,9 mil seguidores.
A hashtag #lazarobarbosa alcançou engajamento ainda maior: foram pelo menos 285,7 milhões de pessoas assistindo a conteúdos na rede com a menção do nome do criminoso.
Para Toth, além das vantagens financeiras em ter contas com muitos seguidores, usuários almejam o chamado “capital social”, ou seja, relevância nas redes.
“Com a produção de conteúdo quase que em tempo real, estes usuários buscam requisitar um status mais importante no contexto, querendo se sentir como responsáveis pela operação ou minimamente no controle de alguma parte dela. O capital social adquirido pela pessoa que tem essas informações acaba o colocando em posição de destaque em uma comunidade que consome este tipo de conteúdo”, explica.
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