O ator e dançarino Micael Amorim de Macedo, de 26 anos, morreu durante uma cerimônia espiritual em uma chácara em São Sebastião, litoral paulista, segundo denunciou a companheira dele nas redes sociais. Ela relatou que ele teria desfalecido após ingerir ayahuasca seguida de várias aplicações de rapé durante um surto psicótico provocado pelo chá do Santo Daime. O uso ritualístico do chá é reconhecido como prática religiosa legítima. A família acusa negligência do local e o caso é investigado pela polícia.
O relato da companheira do artista foi publicado na quinta-feira, 25, em forma de denúncia ao ocorrido.
"Ontem fez um mês que Micael se foi. Até hoje estamos sem saber a causa da morte. A previsão inicial para a conclusão do laudo do IML era de 30 dias [quinta] e, a resposta é que ainda têm exames pendentes. Vou recapitular um pouco dessa história, na esperança de que consigamos apoio para pressionar as autoridades e possamos ter respostas decentes e, consequentemente, algum conforto. Porque até agora eu e toda a família estamos desoladas", afirmou ela no começo da publicação.
Segundo o relato dela, na madrugada do dia 24 de julho, Micael participava de uma cerimônia de ayahuasca e não voltou. Os participantes da cerimônia eram só homens e ele teria ido como convidado de um mestre de capoeira que morava no local, com quem ele tinha tido contato apenas duas vezes.
"A cerimônia foi dirigida pelo responsável do local. Cadê a responsabilidade na recepção e avaliação das condições físicas e psicológicas de novos adeptos? Há relatos de que ele tomou uma dose de 40 ml do chá e depois duas doses de 20 ml", afirmou a companheira de Micael.
Ainda segundo ela, foi após a ingestão da última dose que as pessoas perceberam que ele estava tendo um surto psicótico e na tentativa de contê-lo, aplicaram várias doses de rapé.
"É um procedimento super perigoso para alguém que nem tá consciente. Até que ele desfaleceu e em seguida descobriram que ele já não estava mais entre nós. De acordo com uma pessoa, na ficha de anamnese dele [normalmente usada por médicos para saber as doenças de cada paciente] constava que ele havia feito uma cirurgia no coração".
A companheira de Micael também destacou que o uso ritualístico do chá normalmente é realizado por pajés em aldeias indígenas, e que eles passam anos estudando as medicinas da floresta amazônica para isso.
"Seu uso tem crescido de maneira assustadora e irresponsável no contexto urbano por apropriadores que se intitulam xamãs, infelizmente. Pessoas estas, com espírito colonizador, que destroem, sujam e deturpam há séculos nesse país, o sagrado de povos não brancos! Ou seja, temos um elemento medicinal e sagrado de povos originários milenares, sendo utilizado de maneira recreativa em comunidades pseudo religiosas fora das aldeias. Para quem não sabe, o uso do chá em contexto urbano só é permitido por lei em instituição religiosa com CNPJ, como regulamenta a resolução n° 01/2010 do Conselho Nacional de Política Sobre Drogas (Conad)".
O Terra tenta conseguir contato com o local em que ocorreu o uso do chá.
Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP