O dia 26 de outubro de 2023 é um dos muitos marcos que vivi em minha trajetória enquanto presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT). Durante sessão ordinária do Pleno, nesta data, foi decidido por aclamação que haverá paridade na Lista Sêxtupla para o Quinto Constitucional do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Como advogada há mais de 20 anos em Mato Grosso, posso afirmar que esta é uma vitória de toda a advocacia mato-grossense e, claro, refletirá e servirá de exemplo para toda a advocacia brasileira.
Vivemos um momento ímpar em nossa história e é preciso reconhecer os avanços nos últimos anos. Desde que comecei a participar ativamente da OAB-MT, no ano de 2016, tenho visto mudanças significativas e que não podem – e nem devem – retroagir.
Até 2015, por exemplo, as mulheres em nossa Seccional representavam 16%. Com o Plano Nacional de Valorização da Mulher Advogada, passamos a ser 30%. Hoje, temos a garantia da paridade em nosso pleito, com 50% de cada gênero.
Mas vou além: atualmente, nós somos 1.200 mulheres a mais no número de inscritas na OAB-MT e, dos 3 mil advogados e advogadas em nossas 68 comissões temáticas, mais de 1.700 são mulheres.
Ao decidir pela paridade, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) reafirma mais uma vez ser a voz e, quem sabe, o exemplo e espelho da sociedade civil organizada.
Olhando para a minha história, não posso deixar de afirmar com absoluta certeza que se não fossem as cotas, eu não estaria aqui. E não porque eu não tinha competência, trabalho prestado ou porque eu não poderia representar a advocacia mato-grossense. Mas porque naquele momento, era o que estava posto.
Ao longo de nossas histórias, nós, mulheres, escutamos muito o discurso ‘mulher não precisa de cota, precisa de competência’. E é um discurso razoável. Precisa, sim, ter competência. Você não assumirá um cargo se não tiver competência e condição. Mas nós precisávamos de algo além da competência: nós precisávamos de oportunidade.
E é isso que as cotas, a paridade e as políticas afirmativas dão: oportunidade. Foi com a oportunidade apresentada que eu pude mostrar o meu trabalho e mostrar o que eu poderia fazer pela advocacia mato-grossense. Foi a oportunidade que fez com que eu pudesse, hoje, presidir a Seccional Mato Grosso.
Assim sendo, a paridade no Quinto Constitucional não é e nunca será uma disputa entre homens e mulheres. Mas é, sim, uma questão de conferir às mulheres as mesmas oportunidades.
Ao decidir pela paridade, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) reafirma mais uma vez ser a voz e, quem sabe, o exemplo e espelho da sociedade civil organizada. Estamos no caminho certo. Parabéns, OAB-MT! Parabéns advocacia mato-grossense. Estamos no caminho certo.
*Gisela Cardoso é presidente da OAB-MT.
*Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.
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