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opinião Quinta-feira, 08 de Agosto de 2024, 07:38 - A | A

Quinta-feira, 08 de Agosto de 2024, 07h:38 - A | A

BAR DO BUGRE

LINGUAJAR CUIABANO

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 
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O cuiabano tem uma forma toda peculiar de se expressar, e eu gosto muito.

 

Acho ‘bacana’ falar que hoje amanheci ‘sem graça’, ou não?

 

É um grupo fraseológico de ‘grande graça’!

 

Escrever com graça é trabalho dos humoristas, bem diferente da confissão do acordar sem graça, que vem a ser até engraçado.

 

Nosso ‘linguajar autêntico’ é considerado como errado por alguns de influência carioca com ‘chiado’ ao expressar certas palavras da nossa gramática.

 

Eu não troco o ‘l’ pelo ‘r’, falo e escrevo ‘Brasil’, e não ‘Brasir’.

 

Falo ‘titio’ sem chiado, tipo ‘thi-thi-ô’ dos cariocas.

 

Quando ainda não era moda ‘bullying’, sofri essas ameaças verbais no Colégio Anglo Americano do Rio de Janeiro em 1953.

 

A quase totalidade dos alunos era carioca e zombavam do meu jeito de ‘falar sem chiado’.

 

Palavras que aqui eram brincadeiras, lá eram palavrões.

 

‘Ganhei’ namoradas pelo meu jeito peculiar de falar.

 

Lembro-me quando no recreio era vítima de ‘brincadeiras pelo meu jeito de falar e pedi para que parassem com ‘sacanagens’.

 

A roda se desfez pelo ‘palavrão que disse.

 

Um colega carioca veio ao meu socorro explicando ser ‘sacanagem’ uma expressão inapropriada para ser usada em salões.

 

Significava a então temida palavra ‘putaria’.

 

‘Ganhei’ namoradas pelo meu jeito peculiar de falar.

 

O cuiabano transmite a quem o ouve noções de distância, perigo, barulho.

 

Pesquisas acadêmicas provam que o linguajar de ‘boca aberta ‘é para respirar oxigênio nesta cidade apelidada de ‘cuiabrasa’, pelo seu forte calor o ano inteiro.

 

Gosto muito de ouvir o ‘cuiabano raiz’ conversando de cócoras.

 

Quase sempre faz desenhos no chão de terra com palitos de fósforos, fumando seu cigarrinho de palha e fumo, com o tempo sendo o infinito transmitido pelo seu linguajar de distância.

 

Esse linguajar não se ouve mais na ‘Grande Cuiabá’ e sim nos arrabaldes distantes.

 

Na nossa arquitetura colonial, ainda encontramos ‘retalhos’ no nosso Centro Histórico, com as suas ruas estreitas e sinuosas lembrando o nosso linguajar de origem, para fugir do nosso calorão.

 

Como é bonito o linguajar cuiabano, todo cheio de graça, lamentavelmente em extinção.

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 


 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com/2024/08/linguajar-cuiabano.html

 

 

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