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opinião Terça-feira, 23 de Abril de 2024, 07:33 - A | A

Terça-feira, 23 de Abril de 2024, 07h:33 - A | A

BAR DO BUGRE

DOAÇÃO

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 

 

 

Quando alguém manda alguma guloseima para mim, temos o hábito aqui em casa de dizer que ‘chegou doação’.

 

As ‘funcionárias’ adoram esse termo, e com alegria recebem os presentinhos e trazem ao meu escritório, todas sorridentes dizendo: ‘hoje temos doação’!

 

Estamos no terceiro dia da semana, e ganhei doação em três dias consecutivos: atas, melancia, bolinho de polvilho e francisquito.

 

 

Antes do almoço, ‘provei’ uma fatia gelada de melancia, uma gostosura só.

 

Após o almoço duas atas comidas com colher de sobremesa.

 

No lanche da tarde, um francisquito e um bolinho de polvilho.

 

À tarde está sem espaço para o picolé.

 

Faço essas ‘estripulias’ consciente da necessidade do controle de peso, especialmente na idade que me encontro.

 

 

Muitas dessas reminiscências pertencem a minha infância e juventude.

 

A sorveteria do bar do meu pai, fabricava inúmeras variedades de picolé, cada qual mais saboroso que o outro, muitos de frutas naturais.

 

A minha mãe sempre tinha novidade para a merenda escolar, deixando lembranças, o francisquito.

 

No interior come-se mais que em cidades grandes, quando os quitutes são menos frequentes.

 

As donas de casa eram educadas para o lar, quando aprendiam a fazer guloseimas que eram distribuídas pela vizinhança que trocavam gentilezas.

 

Os vizinhos de antigamente eram considerados parentes, e tratados como tal.

 

Esse hábito de troca de iguarias com a vizinhança terminou com a vida moderna.

 

Os moradores dos espigões de concreto mal se conhecem entre si, inviabilizando essas delicadezas.

 

E as doações desapareceram, levando tudo para o lixão do esquecimento.

 

A enfermeira da noite chegou e foi logo perguntando sobre a origem da doação em cima da mesa, pois o que vem para mim é para todos nós.

 

Ela foi ‘experimentar’ um bolinho de polvilho e achou ótimo.

 

O tempo vai passando nos levando sempre ao passado de boas recordações.

 

As gerações novas não tem a mínima noção do que seja uma ‘doação’ como do relato acima.

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

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