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opinião Quinta-feira, 21 de Julho de 2022, 07:00 - A | A

Quinta-feira, 21 de Julho de 2022, 07h:00 - A | A

OPINIÃO

Curupira, Pai do Mato, Caipora, cadê você?

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO

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O dia 17 de julho é conhecido como o Dia do Protetor da Floresta. A lenda, principalmente narrada na infância, tem a figura do Curupira como um importante protetor da fauna e da flora.            

 

Esse ser mitológico com diversos epítetos (Curupira, Caiçara, Pai do Mato, Anhangá ou Caipora), segundo a tradição, era um anão de cabelos ruivos e que caminhava com os pés que pisavam em sentido inverso do normal. A finalidade dele era a de enganar os caçadores, que, ao seguirem o seu rastro, não o encontravam já que as pegadas deixadas os afastavam cada vez mais.            

 

No Brasil, a ECO-92 trouxe nova visão de mundo ao debater o cenário ambiental global, principalmente em defesa do desenvolvimento sustentável.  Pontos cruciais foram tratados na ocasião, como a mudança climática, a preservação da água, o turismo ecológico e as políticas públicas para a reciclagem.            

 

De outro Sul, de imensa importância tem sido as reflexões trazidas pela ONU com a Agenda 2030, sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Fica evidente que não há possibilidade de vida saudável na terra sem atitudes que venham a corroborar para a preservação ambiental. Dentre esses objetivos, pelo menos dez deles dizem respeito ao tratamento a ser desenvolvido pela sociedade para preservação da natureza. Esses, na verdade, se constituem em desafios ambientais para a proteção e a paz, além da prosperidade do planeta.            

 

Várias pessoas pagaram com a vida a proteção ao bioma.

 

Chico Mendes, seringueiro, passou a atuar incisivamente pelo meio ambiente e contra o desmatamento das florestas. Acabou por despertar rancor em pessoas que se beneficiavam coma prática ilegal, sendo assassinado em 22 de dezembro de 1988, dois meses após a promulgação da “Constituição Cidadã” (saudades eternas do Ulisses Guimarães), que tanto cuidou do tema.

 

Margarida Alves, sindicalista, ícone da luta pelas mulheres rurais, enfrentou grandes produtores rurais e proprietários de usinas em nome do respeito à natureza, bem como por direitos trabalhistas para trabalhadores e trabalhadoras rurais. Foi assassinada em 12 de agosto de 1983.

 

Dorothy Stang, missionária, também despertou ódio de madeireiros, fazendeiros e grileiros que praticavam crimes ambientais. Stang foi assassinada no Pará, em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos de idade, em uma emboscada, por buscar respeito à floresta.

 

E mais este ano com o terrível assassinato de Dom e Bruno.            

 

Como visto, pessoas leais na defesa da natureza acabaram “pagando com a vida” por referida proteção. Não houve complacência, sequer, no pensamento em se deixar e preservar para novas gerações. Os benefícios da matéria sempre falam mais alto.            

 

Bom, voltando ao Curupira...

 

Reza a lenda que quem com ele se encontrasse, aliás, atrás de quem ele estivesse para “conversar” sobre a floresta, por desrespeito, não conseguiria voltar para casa. Com ele, apenas um encontro. Inclusive, atraía pessoas para estar consigo se descobrisse um devastador florestal.            

 

Na atualidade, a busca é por paz, a fim de enfrentar qualquer violência. Se Curupira fosse criado nos dias de hoje, onde o enfrentamento à violência é realidade, quem sabe o seu castigo não seria tão cruel.

 

Em tempos de rede social, Curupira poderia optar como castigo ao “exposed”, ou outra forma de punir o delinquente ambiental.

 

Provavelmente, se saísse da esfera lendária teria salvado a vida de militantes ambientais...            

 

Que tenhamos muitos e muitas protetores das florestas... Curupira, cadê você?             

 

É por aí...  

 

1

 

*Gonçalo Antunes de Barros Neto é professor de Filosofia, magistrado e articulista em A Gazeta (email: [email protected]).

 

 

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

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