Nasci em cidade pequena e nunca tive problemas para me comunicar.
Bastava sair de casa para encontrar quem desejava, não precisando de telefone que era preso na parede, ou de transporte coletivo só quando essa pessoa morava no Porto.
Morei no Rio de Janeiro, cidade grande no início da metade do século passado.
Todo mundo tinha uma pequenina caderneta com endereços e telefones residenciais.
Quando em dificuldade, o catálogo telefônico resolvia a situação, onde contávamos com os residenciais e comerciais, que eram atualizados todos os anos.
E as pessoas atendiam aos chamados.
Quando retornei à Cuiabá, minha mulher que era argentina carioca, tinha uma cadernetinha de endereços para uso na bolsa e uma agenda preta bem maior com espiral, onde por ordem alfabética anotava os endereços para uso cotidiano.
Até que apareceram os telefones móveis, chamados de celulares, e os contatos foram colocados no celular, aposentando as cadernetas de anotações de endereços.
As comunicações ficaram tão simplificadas neste século XXI, que até consultas médicas se fazem à distância.
Quero falar com um médico meu primo, cinco anos mais novo que eu, e não consigo.
Depois de muito insistir com amigos, consegui à noite realizar o meu desejo, é fui compensado com juros e correção monetária emocional.
Conversamos pelo celular por cerca de quarenta e cinco minutos.
Não nos víamos há mais de cinquenta anos, embora estivesse ido inúmeras vezes ao Rio, sempre com muita pressa e a agenda apertada para esses devaneios.
Depois que retornei à Cuiabá, emendei uma tarefa na outra sempre mais difícil, até a minha aposentadoria há seis anos.
Toda a minha carreira de médico e homem público foi realizada aqui.
Ele que é carioca, exerceu a medicina no Rio, onde conquistou todos os títulos universitários, aprimorando seus conhecimentos acadêmicos e culturais nos Estados Unidos e Europa.
Sérgio Novis, neurologista, foi meu calouro quando bolsista no Hospital e Pronto Socorro Municipal Souza Aguiar, equipe Cata Preta, do Rio de Janeiro.
Quando chegou, vivia colado às minhas saias, como dizem as mães cuiabanas aos seus filhos menores.
Depois, cresceu, adquiriu asas próprias e voou tão alto que me perdeu de vista.
Possui todos os títulos universitários de Neurologia da UFRJ, de Prof. Titular a de Prof. Emérito.
É membro da Academia Brasileira de Medicina.
O motivo da conversa, era literatura.
Eu acabara de publicar uma crônica sobre os médicos Novis de Cuiabá já em sua sexta geração, caminhando para a sétima daqui há três anos.
Não tinha informações para fazer o mesmo, com os Novis médicos da Bahia, cuja origem é de um cuiabano que como outros, foi estudar lá, casou-se e constituiu novo ramo da família Novis.
O patriarca dos Novis do Brasil, foi o Dr. Augusto Novis, baiano, o responsável por perpetuar a família, filho de um francês com baiana.
Após ter se formado em medicina, foi para à Marinha Imperial, sendo designado para servir em Cuiabá à época da Guerra do Paraguai.
Aqui se casou com uma cuiabana, e teve inúmeros filhos.
Dois dos seus filhos foram estudar medicina em Salvador, Alberto (meu avô) e Aristides (meu tio).
Aristides Novis médico, se casou por lá e constituiu família, tendo três filhos médicos: Aristides, Jorge e Aloysio Novis.
O Jorge e Aristides Filho, ficaram com o pai em Salvador exercendo com brilhantismo a carreira de médio e professor universitário.
Aloysio queria se especializar em otorrino, e foi aconselhado à ir ao Rio de Janeiro.
Ficou no Rio, onde foi professor titular da UFRJ e médico até se aposentar.
Seu filho Sérgio, carioca, concluiu a medicina, mora no Rio, é professor doutor em neurologia.
Sérgio Novis tem um filho e neto neurologistas, exercendo a profissão no Rio de Janeiro.
Compensou a luta por este resgate perdido dos Novis da Bahia, pois conheci o Jorge, Aloysio Novis e o meu querido Sérgio Novis.
O ramo baiano e o cuiabano, estão na sexta geração de médicos com a mesma genética.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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