Com o crescimento da minha família está cada vez mais difícil compatibilizar os dias de comemoração.
Hoje, por exemplo, é o aniversário do meu filho Fernando, que completa 58 anos, e também do meu bisneto João Gabriel, que faz 4 anos.
Nos tempos atuais festas infantis não podem ser realizadas no mesmo horário das festas dos adultos.
Geralmente, a comemoração das crianças acontece às cinco da tarde, com decoração e alimentação bem diferentes das celebrações dos mais velhos.
Existem empresas especializadas em fornecer profissionais para brincar com as crianças, incluindo até banho de piscina com água morna.
Enquanto isso, as mães e outras participantes das festas passam a manhã e boa parte da tarde nos salões de cabelereiros.
Com essa rotina não conseguem comparecer ao almoço de aniversário do adulto.
Não existe mais aquela mistura de todo mundo junto.
Para o almoço, receberei o aniversariante, sua madrinha, esposa e seu filho.
Os demais familiares estarão se preparando para a festa natalícia do meu bisneto.
À tarde, descansarei para participar da comemoração do pequeno.
Parentes e vizinhos eram convidados para a festinha às quatro da tarde, mas ela só começava de fato com a chegada do professor Ezequiel de Siqueira.
Hoje em dia o aniversariante não apenas recebe presentes, mas também os oferece aos convidados —são mimos escolhidos especialmente para agradar quem os recebe.
Já se foi o tempo em que um telegrama era recebido como um troféu e colocado sobre a cama do aniversariante.
A decoração da casa, a mesa com bolo, salgadinhos e doces eram feitos pela mamãe.
Parentes e vizinhos eram convidados para a festinha às quatro da tarde, mas ela só começava de fato com a chegada do professor Ezequiel de Siqueira.
Ele recitava alguns versinhos do nosso folclore, fazia um discurso desejando felicidades ao aniversariante, rezava uma Ave Maria e Pai Nosso e, só então liberava a festa.
Minha mãe preparava para ele um pratinho de papelão, com colher de plástico, contendo bolo, salgadinhos e doces.
O professor repartia com os cachorros de rua que sempre o acompanhavam.
Ezequiel é um símbolo da Cuiabá de outrora.
Homem culto e respeitado, hoje dá nome a uma escola no bairro da Lixeira.
Foi assim que aprendi a celebrar aniversários na minha infância.
O progresso, no entanto, tirou a poesia das festas infantis.
*Gabriel Novis Neves
17-05-2025
https://bar-do-bugre.blogspot.com
Letra: Ezequiel Pompeu Ribeiro de Siqueira e Luis Cândido da Silva
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