O arsenal de vacinas disponíveis hoje não se resume às muitas — e cruciais — aplicações contra doenças infecciosas com potencial letal disponíveis no mundo. Há mais de cem anos, a chamada imunoterapia com alérgenos é usada para reduzir a sensibilidade de pessoas alérgicas a determinadas substâncias. No Brasil, os principais fatores que desencadeiam hipersensibilidade são: ácaro, animais de estimação, fungos, pólen e insetos como vespas, formigas e abelhas.
O tratamento consiste na aplicação de uma vacina, que pode ser feita de forma oral ou injetável em doses crescentes por um período que pode variar de três a cinco anos.
Estima-se que cerca de um terço da população tenha alguma alergia, sendo a asma e a rinite as mais comuns. Isso ocorre, em grande parte, por herança genética. Em uma família, se um dos pais é alérgico, a chance de o filho desenvolver a mesma sensibilidade é de 30% — o que aumenta para 80% se o casal tem alergia.
O objetivo da imunoterapia é reduzir a sensibilidade e conter reações alérgicas mais graves no corpo. Ela também prepara o organismo para lutar contra substâncias que podem desencadear crises, por meio da produção de anticorpos.
Ao serem aplicadas, as vacinas antialérgicas reduzem os anticorpos IgE (responsáveis pelas alergias) e aumentam a produção dos do tipo IgG4 (anticorpos de tolerância), que fortalecem o organismo contra as alergias. A imunoterapia auxilia na diminuição de células inflamatórias que atuam nas reações alérgicas.
Esse tratamento é indicado contra rinite, sinusite, asma, conjuntivite e reações a picadas de insetos, como mosquitos, abelha, formiga e marimbondo.
— A eficácia da vacina é excelente girando em torno dos 90%. É quase uma remissão da alergia. Ela tem um resultado bem rápido, em torno de dois a três meses de tratamento. Com a aplicação de concentrações crescentes dos alérgenos, o organismo vai criando resistência. É como se, a cada dose, você adquirisse mais e mais proteção — explica Fernando Monteiro Aarestrup, coordenador do departamento científico de imunoterapia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Segundo ele, os efeitos das vacinas podem durar de sete a dez anos, sendo possível, em muitos casos, o desaparecimento total de crises mais severas da alergia.
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