A "Guerra dos Imortais", protagonizada na eleição para a nova diretoria da Academia Mato-grossense de Letras (AML), onde duas chapas disputaram pela primeira vez em quase 100 anos de história, ainda não acabou. Depois de a chapa derrotada ter boicotado a votação, ocorrida no último sábado (21), alegando "equívocos" na condução do processo eleitoral, a atual diretoria divulgou nota agora à noite onde condena veementemente a chapa "Viva a Casa Barão", liderada por Maria Cristina Campos.
"(...) Estamos vindo a publico repudiar o comportamento nefasto, pernicioso e deletério de uma minoria de ressentidos. A pirotecnia verbal criada por uns poucos, unicamente para satisfazer o próprio egocentrismo, levou deliberadamente à distorção da verdade. Daí à ignominia dos assaques pessoais foi um passo apenas", diz parte da nota.
Na eleição, a chapa liderada pela acadêmica Sueli Batista "União e Harmonia" venceu a disputa recebendo 20 dos 21 votantes.
Veja na íntegra o manifesto:
Repto em nome da dignidade acadêmica
Nas últimas semanas vimos pela imprensa e mídias sociais anunciar-se uma suposta “guerra entre imortais”. Todo o alarido surgiu em razão da disputa entre duas chapas pela Diretoria da Academia Mato-Grossense de Letras. Disputa legitima, natural e, de certa forma, bem vinda à medida que isso poderia representar um diálogo construtivo em torno do futuro de uma entidade que é a mais antiga das instituições culturais de Mato Grosso.
No entanto, o que deveria ser um saudável e democrático debate interno, injustificadamente transbordou, levado que foi ao conhecimento de toda a sociedade mato-grossense. Ainda assim poderia ter sido positivo se, ao invés de questiúnculas, miudezas e idiossincrasias pessoais, tivesse sido colocado em discussão os problemas maiores ligados à cultura, ao conhecimento e, particularmente, a uma forma eficaz de procurar fazer aportar à instituição recursos financeiros que venham a contribuir para melhor dinamizar suas atividades. Lamentavelmente isso não foi, e não é, o que testemunhamos.
Se não procedia a informação de que seria esta a primeira vez em que duas chapas estavam disputando a Diretoria é certo, porém, que esta é a primeira vez em nossa história quase centenária que um assunto que dizia respeito única e exclusivamente aos acadêmicos foi levado a público de modo tão desairoso, tão afrontoso, atingindo não somente os atuais acadêmicos mas todo o nosso passado de convivência respeitosa.
E é por esta razão que estamos vindo a publico repudiar o comportamento nefasto, pernicioso e deletério de uma minoria de ressentidos. A pirotecnia verbal criada por uns poucos, unicamente para satisfazer o próprio egocentrismo, levou deliberadamente à distorção da verdade. Daí à ignominia dos assaques pessoais foi um passo apenas.
Este informe tem o objetivo de esclarecer aos interessados e aos desavisados que a mentira, embora repetida várias e seguidas vezes, não pode jamais se sobrepor à verdade. Vamos então aos fatos.
Uma acadêmica, antes mesmo da publicação do Edital de eleição, açodadamente lançou-se candidata e deu inicio à sua campanha. Após a publicação oficial, outra chapa se inscreveu. A partir desse momento, pessoas da chapa prematura deram inicio a uma série de atitudes pueris, desafiadoras e provocativas que resultou em grave e inédita desavença na família acadêmica.
Tal comportamento solerte, desconhecido em nossa história, que em absoluto se coaduna com a vida acadêmica, teve efeito contrário ao pretendido, pois serviu para unir ainda mais todos os membros mais antigos e sóbrios da instituição. Em decorrência, de antemão sabendo-se derrotado, e embora tendo participado do processo eleitoral até a ultima hora, esse grupo deixou de cumprir a obrigação estatutária de votar. Ao ausentar-se da votação de forma inglória, demonstrou um comportamento indigno àqueles que devem dar o exemplo de respeito à instituição a que pertence e de reverencia à Democracia.
As esfarrapadas justificativas, que depois da derrota passaram a apresentar, não encontram o mínimo amparo no Estatuto, qualquer respaldo na história da Academia, tampouco sustentação ética. Deste modo é que salta aos olhos que a derrota sofrida não foi apenas pelo voto. O bom senso, a seriedade e a serenidade do espírito acadêmico prevaleceram. As pseudos justificativas apresentadas não passam de esperneios de derrotados, embora seja deplorável que entre estes se encontram pessoas que participaram da elaboração do Estatuto o que significa, no mínimo, que deveriam conhecê-lo e respeitá-lo.
Vale dizer que o inócuo boicote não é o primeiro que essa minoria realiza. Já há algum tempo seus componentes não comparecem nem às reuniões mensais e extraordinárias relativas aos eventos promovidos pela instituição, tampouco às sessões solenes de posse de eleitos e mesmo à Sessão Magna da Saudade, criada para homenagear acadêmicos falecidos. Com tal comportamento maldoso não atingem colegas seus, mas sim a própria dignidade acadêmica. Tais ações desagregadoras nunca foram vistas em nosso meio acadêmico.
Como encenadores do desdém, do desrespeito e da intolerância assumem, com falso orgulho, o deplorável comportamento que espalha falsas notícias, que tenta torpedear as iniciativas da instituição e que visa a criar a cizânia. Ora, essas são as características dos autoritários e daqueles que lhes são servis. E, o que nos deixa abismados, é como alguns se dispõem a ser subordinados, numa deplorável servidão voluntária. A estes últimos, recomendamos a que leiam La Boétie que escreveu sobre A servidão voluntária, no qual recomendava como o caminho do verdadeiro cidadão: “Tomai a resolução de não mais servides e sereis livres”.
Sob a pretensa fala de “defenderem” a literatura, como se dela fossem os donos, causam a divisão em um campo já frágil e desprotegido. Por vias transversas estão na realidade combatendo uma instituição – a Academia Mato-Grossense de Letras – que, a duras penas, vem se mantendo impávida, por empenho quase que exclusivo de seus membros, ao longo dos últimos noventa e oito anos.
Mas, daqui da Casa Barão de Melgaço, símbolo majestoso da tradição mato-grossense, lançamos um repto aos protagonistas da desavença e do desdém: não conseguirão destruir a nossa instituição. Atitudes demagógicas, estimuladas por um pedantismo, que é fruto da arrogância e da soberba, em nada contribuem para o verdadeiro conhecimento e o autentico labor em favor da cultura. Não permitiremos que pseudo intelectuais, distanciados da realidade de seu povo e movidos apenas pelo ressentimento, pelo ódio e pela frustração enodoem a nossa tradição.
A Academia mantém-se renovada e, sendo fiel ao seu passado, olha para o futuro.
Casa Barão de Melgaço, 24 de setembro de 2019.
A DIRETORIA
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho – Presidente
José Cidalino Carrara – Primeiro Secretário
Sueli Batista dos Santos – Segundo Secretário
José Ferreira de Freitas - Decano
Notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP
Siga a pagina do MÍDIA HOJE no facebook:(CLIQUE AQUI)