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Sábado, 10 de Maio de 2025, 06h:00 - A | A

LACUNAS NA COBERTURA

Meningite continua sendo problema mundial de saúde; negacionismo preocupa

Redação

 

Tânia Rêgo/Agência Brasil

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Apenas a proteção contra alguns tipos de meningite, na forma de vacina, está disponível nos postos de saúde no Brasil

 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em abril passado, o primeiro guia mundial de combate, tratamento e cura da meningite. A doença continua afetando milhões de pessoas ao redor do mundo, principalmente em países de baixa renda. A medida tomada pela entidade vai ao encontro das metas estabelecidas por ela. Até 2030, pretende-se erradicar as epidemias de meningite bacteriana no mundo e reduzir em 50% os casos evitáveis por vacina e, em 70%, o número de mortes.

 

Ana Paula Sato, professora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, comenta a respeito do panorama atual da doença no mundo. “Apesar dos esforços exitosos de controle da meningite em diversas regiões do mundo, a doença ainda possui altos índices de mortalidade. Embora existam vacinas eficazes contra a doença, persistem lacunas nas coberturas vacinais e no diagnóstico e tratamento de pacientes.”

 

A doença

 

A meningite pode ser causada por diferentes agentes etiológicos. A bacteriana, tida como a mais perigosa, segundo dados da OMS, causa problemas de saúde de longo prazo em 20% dos infectados. “A meningite é a inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal e pode ser causada principalmente por microrganismos como bactérias, vírus, fungos e parasitas”, afirma a professora.

 

Mulher branca, bastante jovem, cabelos escuros compridos, traços orientais e sorrindo para a câmera
Ana Paula Sayuri Sato – Foto: FSP

 

No Brasil, o cenário é de retrocesso no combate à doença. Até 2021, o quadro epidemiológico da meningite era de constante queda. Entretanto, em 2022, segundo dados do Ministério da Saúde, os índices voltaram a subir. No ano passado, foram confirmados 13.776 casos da doença. Para Ana, é importante ressaltar que um dos motivos para essa subida foi a queda de cobertura vacinal e o agravamento dessa queda durante a pandemia de covid-19.

 

Em relação às vacinas, apenas a proteção contra alguns tipos de meningite está disponível nos postos de saúde no Brasil. Apenas as vacinas Meningocócica C e Meningocócica ACWY são disponibilizadas ao público geral. A vacina contra meningite B só pode ser encontrada nas instituições privadas de saúde.

 

Em 2024, foram distribuídas aproximadamente 12,2 milhões de doses de vacinas contra meningite.

 

Outra questão importante no aumento do número de casos da doença está na crescente onda negacionista. “A meta de 95% da cobertura da vacina meningocócica C em crianças não é atingida desde 2016, chegando a 72% em 2021. Diversas questões estão envolvidas nessas quedas, mas certamente a falta de confiança na vacina é um fator relevante”, defende Ana.

 

Importância do guia

 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a faixa etária mais afetada pela meningite é a de crianças de até 5 anos de idade. Esse dado comprova a importância da vacinação contra a doença logo nos primeiros anos de vida. A vacina meningocócica C deve ser aplicada em três doses, com 3, 5 e 12 meses de vida. Já a proteção contra os tipos ACWY é recomendada para adolescentes de 11 a 14 anos. A docente acredita que a vacinação preconizada, logo no primeiro ano de vida, é fundamental para a proteção dos indivíduos.

 

O primeiro guia mundial contra a meningite é de extrema importância. A revista não só fornece informações para a população e entidades, como também oferece parâmetros de combate para as instituições de saúde ao redor do mundo. “As diretrizes podem nortear a melhoria da qualidade do atendimento em diferentes níveis de atenção à saúde, mas também são direcionadas a tomadores de decisão em nível nacional e internacional. Esse guia também é uma ferramenta importante para as instituições acadêmicas, organizações não governamentais e para a sociedade civil para informar as suas agendas de pesquisa e ensino”, complementa Ana.

 

*Via Jornal da Usp

 

 

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