Uma vizinha do empresário Marcelo Cestari, pai da adolescente que teria supostamente atirado e matado acidentalmente a amiga de 14 anos, Isabele Ramos, no dia 12 de julho em um condomínio de luxo de Cuiabá, afirmou em depoimento que em dezembro de 2019 houve um “acidente com pólvora” na casa da família. Conforme o depoimento, o fato é de conhecimento dos moradores do condomínio.
O trecho do depoimento consta no pedido feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) para majoraão da fiança paga por Marcelo Cestari, que chegou a ser preso após a polícia encontrar sete armas na casa dele, sendo duas sem registro. O empresário pagou R$ 1 mil e foi solto.
O G1 tenta localizar a defesa da família.
Isabele Guimarães Rosa, de 14 anos, morreu ao ser atingida por tiro na cabeça no condomínio Alphaville, em Cuiabá — Foto: Instagram/Reprodução
Logo em seguida, o MP também destaca que um enfeirmeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que atendeu a ocorrência viu, ao entrar na sala, vários materiais de manutenção de arma de fogo, “demonstrando que o recorrido ou mesmo a esposa ou os filhos manipulavam armas de fogo em ambiente comum da casa”.
Ainda segundo o enfermeiro, Marcelo Cestari, ao descer, visualizou uma senhora de vestido vermelho, possivelmente a dona da casa, que estava retirando o material de manutenção de arma de fogo que estava sobre a mesa. O enfermeiro teria orientado a mulher a não mexer no material, pois tratava-se de cena de crime, momento em que uma pessoa, possivelmente Marcelo Cestari, falou em tom alto e nervoso que podia tirar, pois o fato teria acontecido no banheiro da parte superior e que ali na sala não tinha nada.
Depoimento do médico
Em depoimento à Polícia Civil, o médico Wilson Guimarães Novais, amigo da família da adolescente Isabele Ramos, afirmou que notou o sumiço da arma e também estranhou a limpeza do ambiente.
Patrícia Ramos, mãe de Isabele, compareceu na delegacia em Cuiabá para prestar depoimento — Foto: TV Centro América
Ele foi chamado pela mãe de Isabele logo após Patrícia Ramos tomar conhecimento da morte da filha.
O médico contou ao delegado que viu quando o pai da suspeita do tiro acidental, Marcelo Cestari, deixou o local e questionou diversas pessoas sobre onde estaria a arma utilizada. Outro detalhe que chamou a atenção do médico, que era sócio do pai de Isabele, também médico, morto em um acidente em 2018, ambos neurocirurgiões, foi a limpeza do banheiro onde o corpo de Isabele foi encontrado. O médico contou aos policiais que ao sair do local disse aos parentes de Isabele: “Algo muito estranho aconteceu aqui. A Isabele está morta por um tiro no crânio e não há arma no local do crime”.
Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, que morreu no domingo (12) em Cuiabá ao ser atingida por um tiro acidental na cabeça, feito por uma amiga — Foto: Instagram/Reprodução
Ainda de acordo com o MP, o próprio Marcelo Cestari, em depoimento à polícia, perguntado se é comum em sua casa seus filhos acessarem e transportarem as armas de fogo, respondeu que sim, mas apenas as armas utilizadas por esporte e quando iam fazer treinamento.
Entenda o caso
Amigos e familiares da adolescente Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, morta por um tiro acidental feito pela amiga em um condomínio de luxo, em Cuiabá, deixaram flores, homenagens e bichos de pelúcia na calçada da casa onde o caso aconteceu — Foto: Arquivo pessoal
A situação ocorreu por volta das 22h30 do dia 12 de julho em um condomínio de luxo localizado no bairro Jardim Itália.
O advogado da família da adolescente que efetuou o disparo, Rodrigo Pouso, explicou que o pai da suspeita do tiro acidental estava na parte inferior e pediu para que a filha guardasse a arma no andar superior, onde estava Isabele.
A adolescente pegou o case – uma maleta onde estavam duas armas – e subiu obedecendo ao pai. Apesar de estar guardada, a arma estava carregada.
Segundo o advogado, uma das armas caiu no chão e a adolescente tentou pegar, mas se desequilibrou e o objeto acabou disparando.
A menina negou que brincava com a arma ou que tentou mostrar o objeto para a amiga.
Praticante de tiro
As duas famílias, a da adolescente que disparou, e a do namorado dela praticam tiro esportivo.
A Federação de Tiro de Mato Grosso (FTMT) disse que a adolescente que matou a amiga é praticante de tiro esportivo há pelo menos três anos.
Segundo a federação, o pai e a menina participavam das aulas e de campeonatos há três anos. Os nomes deles constam nos grupos, chamados 'squads', que participavam das competições da FTMT.
Outros membros da família também participavam desses grupos e praticam o esporte.
O advogado da família contestou a informação e afirmou que a adolescente praticava o esporte há apenas três meses.
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