O fechamento do comércio e o isolamento causado pela pandemia do coronavírus estão impulsionando as vendas nas sex shops online. A Associação Brasileira do Mercado Erótico (Abeme) projeta um crescimento entre 8% e 12% nas vendas durante o período de quarentena -- e há lojistas que já superaram, de longe, essa marca.
Maisa Pacheco é dona de uma sex shop que leva o seu nome. Ela precisou fechar as portas da loja na rua da Consolação, em São Paulo, mas as vendas no site explodiram. "Semana passada, começamos a sentir o movimento cair [na loja física], quando São Paulo estava começando a ficar vazia. Depois, fechamos. O site continuava no ritmo normal. Mas, sábado, vi o fluxo aumentar [online]. Na segunda, já tinha crescido muito. Eu vendia 800 itens por dia. Agora, estou vendendo 2.500."
As mercadorias mais vendidas do momento no site, além de produtos mais simples, como lubrificantes, são os vibradores clitorianos (de R$ 49,90 a R$ 295) e o Satysfier, nome de um dos modelos de sugador de clitóris (R$ 585), segundo Maisa.
Desde o dia 11 de março, quando foi decretada a pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o site Dona Coelha, especializado em produtos eróticos, vem registrando números maiores a cada dia, segundo Renan de Paula, co-fundador da empresa. O aumento registrado em todo o período foi de 25%, mas não para de subir, conta ele.
"A partir de domingo (15), dia em que todo mundo começou a ter a noção da crise que viveríamos no Brasil, aumentamos as vendas em 35%. Do dia 18 para cá, o crescimento saltou para 52%, muito acima da previsão da Abeme", diz ele. A loja virtual atende, principalmente, o estado de São Paulo, mas, com o comércio fechado no país, clientes de outras regiões brasileiras passaram a procurar a Dona Coelha. "Tenho recebido muito mais pedidos do Amazonas, Acre, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, por exemplo."
No site de Renan, o que mais subiu em vendas, atualmente, são os modelos de vibradores para serem usados a dois (R$ 249,90 a R$ 1.600). "Acredito que, como os casais estão passando muito tempo juntos, precisam encontrar formas de tornar a relação menos entediante." A venda só desses produtos, por semana, cresceu 150% -- agora, respondem por 30% da receita. Os sugadores mantêm o sucesso que já vinham tendo, e compõem 40% do faturamento da loja (os modelos variam entre R$ 499 e R$ 699). "Nosso público é, majoritariamente, feminino. Elas estão procurando cada vez mais formas de autoprazer."
"Vamos ter orgasmo, senão a gente vai pirar"
Ana Magalhães, sócia da sex shop virtual Miss Scarlet, também notou um avanço, mas menor, por enquanto: cerca de 10%. Ela diz que os itens mais vendidos, em sua empresa, têm sido diferentes do usual, que são os vibradores. Agora, os mais buscados são os plugs anais (R$ 65 a R$ 680), anéis penianos duplos (R$ 128, usados para dupla penetração) e vibradores acionados à distância, por um aplicativo de celular (R$ 610). "Funciona até se uma pessoa estiver aqui e a outra no Japão."
Mesmo antes da quarentena, esse tipo de brinquedo já vendia bem na Miss Scarlet. Ana acredita que as pessoas estão se relacionando de uma forma mais solitária, devido à rotina atribulada, distâncias nas grandes cidades e pessoas que têm um relacionamento fixo, mas não moram juntas. Com a quarentena, a necessidade de descobrir formas de prazer à distância cresceu ainda mais.
Renan e Ana, apesar de animados com o aumento das vendas, têm uma preocupação em comum: a quarentena dificultou a logística dos negócios. "Estamos com menos funcionários, pois é preciso, e o envio está mais complicado", diz Renan. Ana fala que, no caso de sua empresa, o problema é que ela não tem um grande estoque e seus produtos dependem de importação. "Os importadores nos avisaram que segunda-feira (23) foi o último dia para que fizéssemos encomendas, sem previsão de que a situação se normalize. A procura está grande, mas talvez falte estoque, por causa da pandemia."
Andréia Paro é diretora da Himerus, empresa no Brasil que representa a marca de brinquedos eróticos alemã FUN Factory. Ela distribui produtos para sex shops e conta que não houve queda nos pedidos. "A gente achou que as vendas cairiam, pois as lojas físicas estão fechadas, mas não foi o que aconteceu. Tínhamos uma feira importante em março, a Íntimi Expo, que foi adiada." Mas, mesmo não tendo a feira, as vendas andam bem. "Este mês, esperávamos aumentar os pedidos, por causa do evento. Não tivemos esse crescimento, mas, por ora, não sentimos nenhum impacto negativo." A Íntimi Expo deve ser realizada em agosto.
O que comprar?
Maisa Pacheco, apesar de preocupada com a pandemia e com os negócios, sugere que as pessoas encarem as restrições de uma forma mais leve. Ela recebe muitas mensagens de clientes e curiosos em seu Instagram, onde reúne quase 93,4 mil seguidores. "Hoje, uma mulher falou para mim que nunca gozou e que não está mais se suportando, em casa, sozinha. Falei para ela aproveitar o momento para se conhecer. Compra um gel excitante, para sentir a piririca tremelicando. Vá para frente do espelho se conhecer, se amar, sem vergonha de nada."
Para os iniciantes, ela recomenda dois produtos. "Para os meninos, eu sugiro começar com os ovinhos para se masturbar." É uma espécie de capa peniana, em formato de um ovo, com texturas na parte interna, para intensificar o prazer na masturbação. "Para meninas, sempre recomendo o bullet", um vibrador em forma de cápsula para estimular o clitóris. "Infelizmente, é de uma maneira ruim, mas é o momento de se conhecer. Descubra o que você gosta, como gosta, onde sempre prazer. Vamos ter orgasmo, senão a gente vai pirar."
Confira os mais vendidos:
1. O sugador de clitóris Satisfyer Pro 2 promete um orgasmo em apenas um minuto. Está à venda na loja Maisa Pacheco por R$ 585
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