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variedades Quinta-feira, 05 de Novembro de 2020, 07:00 - A | A

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NÃO AO PRECONCEITO

Jovem luta contra preconceito ao nascer com "nevos peludos" e conta como lida com a autoaceitação

GLAMOUR

"Meu nome é Lariza Ramos Evaristo, tenho 22 anos. Sou leonina e mãe de um menino lindo de seis anos, o Pietro. Trabalho como recepcionista de caixa em uma rede de supermercados no Rio Grande do Norte. Nasci em Paraú, que fica a 244 quilômetros da capital, e precisei me mudar para Natal devido às chances de trabalho, que lá eram mais escassas e, assim, concretizar minha realização que é ser reconhecida como pessoa, profissional e não ser objeto de pena ou medo de outras pessoas por ser diferente. 

Lariza Ramos  (Foto: Arquivo Pessoal)
Lariza Ramos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Graças a Deus, a consciência da população já está mudando e já está mais aberta às diferenças que existem nas pessoas, sejam elas físicas ou características pessoais. 

Falando um pouco sobre meus sinais, são dermatologicamente diagnosticados como nevos congênitos ou, no popular, nevos peludos. Eu já nasci com eles. Não tem chances de apresentar novos sinais ou tomarem maiores proporções com o passar do tempo. A maioria dos sinais e, principalmente, o que perpassa a perna esquerda possui um exacerbado crescimento de pelos e, mediante a sensibilidade na pele, é possível apenas apará-los com uso de máquina, não podendo utilizar outros meios estéticos para remoção.

Lariza Ramos quando era pequena  (Foto: Arquivo Pessoal)
Lariza Ramos quando era pequena (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Quando criança, foi efetuada a retirada de um dos nevos do pé, para a realização de exames laboratoriais buscando a causa dos mesmo. O resultado foi satisfatório apresentando apenas uma mutação genética. Nessa fase, sem um posicionamento crítico e à mercê de uma sociedade estigmatizante, não nego a possibilidade de ter pensado em cirurgias para a remoção dos nevos.

 

Aceitar-se é algo muito difícil para pessoas tidas como 'diferentes', assim como eu. Logo no meu nascimento, veio a estranheza da família e da sociedade, pois o bebê tão esperado era diferente de todos os outros. Nasci com uma modificação genética que cobre parte do meu corpo com sinais cabeludos, tendo um deles, o maior, se alongado em toda extensão da minha perna. Sempre fui uma criança que despertava olhares das outras crianças e também das mães. No entanto, minha mãe sempre me ensinou que devemos nos aceitar como somos, independentemente de qualquer aparência. Eu cresci com esse pensamento, que não importava a minha aparência e, sim, o meu ser, o meu eu. A minha 'diferença' não me impediu de ser uma criança bem sapeca. Fiz todas as coisas normais de crianças: andei de calcinha na rua, usava todo tipo de roupinha porque sempre tive o apoio da família ,que me incentivava, me levando à frente sempre.

Lariza Ramos aos 15 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Lariza Ramos aos 15 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Pois, desde a minha infância, sempre fui e sou observada com olhar de estranhamento onde quer que vá. Na maioria dos casos, fui interrogada com palavras carregadas de preconceito, como macaca, onça pintada, perna de macaco, mulher lobisomem, melada de lama, cavalo de índio entre outros adjetivos que as pessoas encontravam para me atingir. O que foi imprescindível para a aceitação da minha personalidade.

 

No período escolar sofri muitos preconceitos. Me abalaram? Sim, muito. Porém, sempre levei como um motivador. Cada palavra destrutiva fez com que eu tivesse mais força de vontade de lutar e mostrar para o mundo que qualquer diferença não te faz indiferente.

Lariza Ramos luta contra o preconceito diariamente  (Foto: Arquivo Pessoal)
Lariza Ramos luta contra o preconceito diariamente (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Com o avanço das tecnologias e o amplo espaço que as redes sociais estão tomando, às pessoas estão perdendo o medo da exposição dos corpos, as expressões de preconceito também vêm tomando maiores proporções para comigo. Agora, além do preconceito que me assola pessoalmente através de olhares estigmatizados, ainda tenho que lidar com o preconceito virtual, onde posso destacar os comentários dos haters que são sempre carregados de repugnância. Comentários, como: 'você sai com a mina achando que é a chapeuzinho vermelho e, quando tira roupa, vê que saiu com o lobo mau'; 'nunca tinha sentido atração por uma onça pintada; até agora'; 'por que o outro lado tá assim cheia de CABELO?; certeza que na lua cheia vira lobisomem'.

Lariza Ramos contou que sofre bullying nas redes (Foto: Arquivo Pessoal)
Lariza Ramos contou que sofre bullying nas redes (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Essas palavras me magoam muito, mas não me abalam porque sei do meu valor, dos meus objetivos e não serão palavras maldosas que irão me coibir. Infelizmente, a sociedade ainda não está preparada para o 'diferente' e não tem o mínimo de respeito por nós. Almejo uma sociedade igualitária na qual não seremos julgados pela nossa aparência ou condição, seja ela física ou financeira.

 

As redes sociais têm me ajudado a tirar ensinamentos. Recebo muitas críticas, que são compensadas pela quantidade de elogios. As palavras de carinho estão sendo de suma importância para meu crescimento emocional e profissional".

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