Um homem que gostava de ficar bem quietinho passou os últimos dias de vida em meio a muita confusão. É o que dizem pessoas próximas a João Gilberto, que presenciaram brigas, discussões e disputas acontecendo dentro do apartamento de 140m² em que ele vivia no Leblon, na Zona Sul do Rio, até sua morte, em julho. O silêncio que tanto prezava deu lugar ao barulho criado em torno de sua herança e seu legado.
Desde 2017, a filha Bebel Gilberto tinha a curatela do músico, após pedido de interdição, o que foi contrariado na época pelo outro filho, João Marcelo Oliveira, e pela companheira de João, Maria do Céu Harris.

“A Bebel não deixava faltar nada a eles. Além de pagar as contas da casa, dava semanalmente R$ 2 mil na mão da Maria do Céu para que ela pagasse as despesas de restaurante, farmácia, compras e etc”, conta uma amiga da família: “Mas quando passou a exigir as notas de despesa, começaram a discutir. A Maria nunca apresentava as justificativas. Nem água potável tinha no apartamento”.
Um outro amigo diz que João vivia num ambiente não salutar para ele. “Era uma bagunça a casa. Dava pena de ver”, relata.
A última vontade
Com a morte de João, a disputa pelo espólio do cantor ficou mais acirrada. Maria do Céu, que diz ter sido a companheira do Pai da Bossa Nova por 35 anos, está movendo três ações para ter sua parte no testamento garantida.

Em 2003, João Gilberto fez um testamento no qual determinou que seus bens fossem divididos entre os filhos João Marcelo e Bebel (na época, sua caçula Luisa, filha de Cláudia Faissol, hoje com 15 anos, ainda não era nascida) e Maria do Céu. O documento traz a informação, porém, de que “o testador declara, por fim, que não tem companheira”.
Como a lei afirma que 50% da herança têm que ser divididos entre os filhos, João dispôs dos outros 50% repartindo-o em partes iguais entre Maria do Céu e os filhos, o que foi contestado por Bebel e João Marcelo, e ainda Cláudia Faissol, que revogou o testamento há dois anos e afirma ter um novo oficializado em cartório.
“Ela não quer briga”
De acodo com Roberto Algranti Filho, advogado de Maria do Céu, ela não deseja brigar com os herdeiros de João Gilberto, Bebel e João Marcelo. “Ela entende que o momento é muito delicado ainda, mas afirma que todos sempre viveram bem e sem desavenças. Ela não quer brigar com eles. pelo contrário, espera que possam conviver novamente em memória do João. Mas quer que seus direitos sejam garantidos. Só queremos Justiça nesse caso”, pondera.

Em 2017, Bebel Gilberto entrou com o pedido de interdição de João Gilberto. Ação contestada na época por Maria do Céu e pelo irmão da cantora, João Marcelo. Agora, Maria e Bebel lutam pelo direito de serem inventariantes do cantor morto.
“Tudo o que chega ao apartamento, correspondências e documentos sobre direitos autorais têm sido levados ao inventário. Maria não fica com nada”, garante o advogado.

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