Divulgação / Vaticano
Chefe da Igreja Católica intercedeu pelo país na tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano
O Papa Francisco se dirigiu ao Brasil, nesta quarta-feira, durante a tradicional audiência geral que acontece na Praça São Pedro, no Vaticano. Ao final do compromisso semanal com os fiéis, o pontífice afirmou que pede a Nossa Senhora Aparecida que livre os brasileiros do ódio. A declaração foi dada pelo chefe da Igreja Católica durante a tradicional saudação que faz, em vários idiomas, a peregrinos presentes no encontro.
Ao fazer referência à padroeira brasileira, Francisco afirmou rezar para que a santa livre a população da violência e do sentimento de intolerância. Apesar de não fazer declaração direta ao processo eleitoral do país, a fala do líder argentino acontece a quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, momento em que pelo menos dois ataques políticos são registrados por dia.
Durante a campanha eleitoral, lideranças católicas têm sido alvo de episódios violentos motivados por convicções políticas. Na semana passada, um padre foi hostilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) enquanto celebrava a missa, no Paraná. Nas redes sociais, o cardeal Dom Odilo pedro Sherer também foi atacado por bolsonaristas por usar uma veste sacerdotal de cor vermelha.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condenou o uso político do tema na campanha eleitoral. Por meio de nota divulgada no inicio de outubro, a arquidiocese condenou o que chamou de "exploração da fé" para ganhar votos. O posicionamento aconteceu após a ida de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, aos festejos do Círio de Nazaré, em Belém (PA). Na ocasião, a Arquidiocese de Belém afirmou que "não houve nenhum convite a qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal" e que "não permite uso político ou partidário" do evento.
Bolsonaro também participou dos festejos pelo Dia de Nossa Senhora Aparecida (SP), onde foi recebido com aplausos e vaias. O padre Eduardo Ribeiro, coordenador da celebração, precisou pedir silêncio à plateia. Em entrevista concedida depois de uma das missas da manhã, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, foi questionado sobre um possível uso eleitoral da presença de Bolsonaro nas celebrações do dia. Ele disse que iria receber o presidente "com todo o respeito", mas cobrou "identidade religiosa" dos fiéis, sem citar o visitante.
Benigna Cardoso da Silva
Em seu discurso, o papa citou ainda a beatificação de Benigna Cardoso da Silva, mais conhecida como menina Benigna. Ela foi reconhecida pela igreja, nesta segunda-feira, em uma cerimônia no município do Crato, interior do estado do Ceará. O pontífice saudou a jovem mártir nesta quarta, enfatizando que "o seu exemplo nos ajude a ser generosos".
O título de beata já havia sido concedido pelo Vaticano à cearense em outubro de 2019, mas demorou a ser oficializado por conta da pandemia de Covid-19. Assassinada a golpes de facão em 1941, a adolescente foi morta depois de recusar um rapaz de 17 anos que tentou violentá-la.
Leia o discurso na íntegra:
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em especial quantos vieram de São Salvador da Bahia, Anicuns, Taubaté e São Paulo. Queridos irmãos e irmãs, anteontem, em Crato, no Estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a Palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. O seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho coerente e alegre do Evangelho. Um aplauso à nova beata! Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência.
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