A Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio contra o engenheiro Paulo José Arronenzi pelo homicídio da ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral, assassinada na frente das três filhas na véspera de Natal. Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal, manteve a prisão do acusado. Segundo o magistrado, "imperativa é a segregação cautelar de Paulo, pessoa dotada de postura violenta e, indiciariamente falando, responsável por agredir diversas vezes, mediante tortura, Viviane na presença das três filhas menores na véspera de Natal, data tão significativa para o universo infantil".
Na decisão, Abrahão também determina que parentes, amigos e pessoas próximas de Paulo José não se aproximem das três filhas do casal, que tem entre 7 e 9 anos. "Atuo com intuito exclusivo de preservar a saúde psíquica das crianças e, por conseguinte determino ao detentor da posse guarda das mesmas que frustre toda e qualquer tentativa de aproximação destas por parte de familiares ligados ou simpáticos ao agressor e/ou pessoas próximas ao mesmo", escreveu Abrahão.
O crime aconteceu na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, quando a juíza levava as crianças para passarem o Natal com o pai. Arronenzi foi preso em flagrante logo em seguida por guardas municipais. De acordo com a denúncia, o crime foi motivado "pelo inconformismo do acusado com o término do relacionamento, especialmente pelas consequências financeiras do fim do casamento na vida do engenheiro".
Numa mensagem de áudio enviada a uma amiga logo após a separação, Viviane relatou que Paulo José passou a extorquir dinheiro dela após o rompimento, pedindo que ela fizesse depósitos em sua conta. "Eu achava que depois do divórcio, se eu desse tudo do jeito que ele tava querendo, tudo ia acabar. Mas não, piorou. Depois que ele entregou a chave (do apartamento que o casal alugava na Zona Sul, antes da separação), depois que eu vi aquilo tudo, ele ficava me achacando. Já fiz vários depósitos para ele. Fica me pedindo dinheiro disso, daquilo. Quando eu vi, já tinha depositado pra ele mais do que ele me deu de pensão esse mês", contou a juíza.
Para a Promotoria, trata-se de um homicídio quintuplamente qualificado. As qualificadoras, que podem levar ao aumento da pena em caso de condenação são: feminicídio, ou seja, a vítima foi morta por ser mulher; o crime foi praticado na presença de três crianças; o assassinato foi cometido por motivo torpe, já que o acusado a matou por não se conformar com o fim do relacionamento; o crime foi cometido por um meio que dificultou a defesa da vítima, atacada de surpresa quando descia do carro enquanto levava filhas ao encontro do ex-marido; e o meio cruel utilizado, uma vez que as múltiplas facadas no corpo e no rosto causaram intenso sofrimento à vítima.
Um vídeo revelado pelo EXTRA na semana passada, gravado na época da separação, mostra que Paulo não aceitou a decisão de Viviane de romper o relacionamento. Na ocasião, ele encheu malas com roupas da mulher e das filhas e as arremessou por cima da grade do prédio para onde a juíza se mudou, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Viviane foi à 77ª DP (Icaraí) e alegou que o ex-marido também a empurrou para forçar a entrar no local. Depois da cena, Viviane, assustada, pediu ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) que disponibilizasse uma escolta que pudesse acompanhá-la. Um mês antes do crime, ela dispensou a escolta.
O MP também pediu à Justiça que o engenheiro seja condenado ao pagamento de indenização pelos danos materiais e morais causados à família da vítima, em valor a ser apurado no curso do processo. O pedido será analisado somente quando for dada a sentença. A denúncia vai ser analisada pela 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. O engenheiro está preso em Bangu 8, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio.
Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP