Chego no horário combinado ajudado pelo motorista da minha filha e a enfermeira que cuida de mim.
Desço do carro e caminho com dificuldade até à cadeira de rodas que me levará ao 1º andar do edifício médico.
Passo por corredores, subo elevador, pego a senha e chego ao consultório da médica que irá me avaliar para ser imunotransfundido.
Aguardo alguns minutos para finalmente chegar à sala do tratamento, no final do extenso corredor.
Deixei muitos clientes e crianças aguardando para serem atendidos.
Gente vestida de uniforme branco eram médicas e técnicas de enfermagem e, nas seis horas que fiquei lá não vi um médico ou técnico de enfermagem circulando pela sala de enfermagem e sala de infusão.
A veia do meu braço esquerdo foi pega com facilidade, pois, não era bailarina e a droga está circulando.
São nove vidros e terminarei o tratamento, após às 13 horas.
Na minha sala existem seis poltronas camas para pacientes, todas ocupadas.
Cada qual tem a sua história, e seus comportamentos são os mais variados.
As mulheres são maioria nesse pequeno universo e sou o mais velho do grupo.
Ficou surpreso ao saber o meu nome e me perguntou se eu era o pai do Gabriel Novis Neves. Disse-lhe que eu era o mesmo, e baixei a máscara para facilitar o meu reconhecimento!
Do meu lado esquerdo um senhor tagarela, que não parou um minuto de falar, puxando conversas com todos e perguntando.
Descreveu com detalhes a sua doença e a medicação que tomava na veia, por que ele falou que era médico cirurgião gastro.
Formou-se na UFMT, fez Residência Médica e Mestrado aqui, e tem 56 anos de idade.
Cabelos grisalhos parece mais envelhecido talvez pela doença[A1] que o afastou do consultório.
Puxou tanta conversa e perguntas enquanto eu escrevia no meu celular sem parar, que fui obrigado a me identificar.
Ficou surpreso ao saber o meu nome e me perguntou se eu era o pai do Gabriel Novis Neves.
Disse-lhe que eu era o mesmo, e baixei a máscara para facilitar o meu reconhecimento!
É um apaixonado pela história recente de Cuiabá, mesmo assim, trocou o nome da esposa do Presidente da República, responsável pela construção do Aeroporto Marechal Rondon.
Confundiu Yolanda Costa e Silva, com Maria Thereza Goulart, a responsável pela obra do Aeroporto em Várzea Grande, que concluído tinha o seu nome.
Veio a Revolução e Marechal Rondon, passou a ser chamado o Aeroporto de Várzea Grande.
Estou transmitindo essas informações para mostrar a extrema necessidade que os pacientes nessas condições de saúde têm de se comunicarem.
Este é o seu espaço social, com o qual se identificam com o mundo, diferente das Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Também é permitido trazer um acompanhante, o meu era uma enfermeira universitária, ficando o quarto ou sala com portas de vidro bem abertas, para o corredor.
A conversa do médico agora é com duas senhoras, uma brasileira, sua cliente, e outra asiática, e o assunto é sobre o número de farmácias existentes em Cuiabá.
Uma bem-humorada disse que aqui tem uma farmácia ao lado uma distribuidora de bebidas.
Todas se queixaram do preço mensal dos medicamentos receitados pelos especialistas.
Ouço o chorar de crianças na sala ao lado.
Uma senhorinha ao meu lado diz que criança chora de medo, e a dor não existe.
A minha sala está vazia, pelo adiantado da hora e o tipo e dosagem de medicamentos usados por cada um.
Ainda tenho 6 vidros a serem transfundidos.
Voltarei no próximo mês, até janeiro do próximo ano, quando estarei com as taxas das minhas imunoglobulinas normais, me fornecendo imunidades para continuar vivendo bem.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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