Não sei o motivo pelo qual os nossos dirigentes se esqueceram de explorar o turismo e as maravilhas encontradas ao longo do velho Cuiabá, rio abaixo.
Usina do Aricá com a sua chaminé resistindo ao tempo, Usina das Flechas verdadeiro descanso para a vista, Usina do Itaicy local onde nasceu a minha mãe Irene.
São belezas que nos encantam ao descer o rio Cuiabá, rico de histórias.
Esse passeio seria feito em embarcações de pequeno porte, com parada para o almoço, e retorno no mesmo dia.
Quanta sabedoria iria nos enriquecer com a arquitetura da época, e principalmente, as conversas com pescadores e ribeirinhos, possuidores de uma cultura própria.
Como é gostoso conversar com um ribeirinho e conhecer um pouco dos seus hábitos da vida!
Sua religiosidade, o relacionamento com seus vizinhos distantes, onde a canoa é o método seguro de transporte.
Número de filhos, lazer, e alimentos para a sua sustentabilidade.
A história de pescadores é rica de criatividade.
Certa ocasião fui ao velório de um ribeirinho em Várzea Grande.
A sala estava repleta de gente.
Comentei com um dos seus filhos o quanto ele era querido.
Como resposta ele me disse que todos que estavam na sala eram seus filhos.
Perguntei quantas vezes ele se casou, e o número de filhos.
Só casou com a minha mãe, e não sei o número de irmãos que tenho.
Meu pai desde menino descia e subia o rio Cuiabá, trazendo gêneros alimentícios para serem vendidos no Porto.
Quando descia o rio, parava para almoçar, conversar e namorar. No retorno, fazia o mesmo.
Aqui só namorava a minha mãe.
Quando retornava ao trabalho descendo o rio, suas namoradas ribeirinhas lhe davam a boa nova da sua gravidez.
Acredito que com os dezoito filhos com a minha mãe, e com os das ribeirinhas, deve chegar a trinta.
E o turismo abandona as histórias do Aricá, porto de apoio da navegação fluvial de mercadorias.
Da usina das Flechas, de produtos de cana de açúcar, e do Itaicy — que merece uma crônica.
Seu arquiteto veio da Europa, onde eram confeccionados os cartões postais da usina.
E pensar que está tudo abandonado?
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com/2024/10/riquezas-do-rio-cuiaba.html
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