Bem antigamente, nossos governantes eram o Rei de Portugal que governava o Brasil, e os Estados chamados de Províncias, pelos Capitães Gerais, portugueses como o Rei. Conde de Azambuja, Capitão Geral da Província de Mato Grosso, foi o 1º a morar no Largo da Mandioca, em um casarão colonial, com toda a elite do seu governo. Também fazendeiros e garimpeiros ricos. Toda semana no Largo, os tropeiros da região traziam seus produtos para serem vendidos e o local passou a ser chamado de Largo da Feira da Mandioca. O antigo Largo em homenagem ao seu morador ilustre passou a ser chamado de Praça Conde de Azambuja, de acordo com os legisladores da época. Hoje, a Câmara de Vereadores de Cuiabá, apagou a nossa história, mudando seu nome para de uma querida moradora da rua do Campo, minha prima, que frequentava a feirinha da Mandioca, sempre no seu finzinho quando os produtos eram bem mais baratos.
Na Cuiabá antiga, a Praça Conde de Azambuja ou da Mandioca, era um local turístico para visitantes em nossa cidade, cheia de beleza arquitetônica e histórica. Hoje, o local está cheio de barzinhos e é um local não indicado para passear com a família.
Bem antigamente, dia de eleições era uma festa com direito a churrasco para todos. Os patrocinadores eram chamados de exercerem o voto de cabresto, quando o dono do churrasco votava em nome dos seus participantes, com o consentimento dos mesários e fiscais dos partidos. Hoje, funciona a compra dos votos com o santinho do candidato enrolado no dinheiro e depositado nas mãos do eleitor. Costuma funcionar melhor que o antigo churrasco. Daí surgiu a expressão: perdi a eleição na boca da urna.
Bem antigamente, urna para votar tinha boca e todos que votavam, colocavam sua cédula com o nome dos seus candidatos favoritos dentro de um envelope, e por uma fenda dentro de uma enorme sacola de lona. Essa era a antiga boca da urna, que engolia o envelope que às vezes estava sem a cédula ou escrita cheia de palavrões. Hoje, o voto é na polêmica maquininha eletrônica do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A boca da urna permanece com toda vitalidade, do lado de fora da cabine de votação, com os santinhos enrolados com dinheiro. Essa boca tem muita fome e quem não tiver grana viva, perderá a eleição.
Na Cuiabá antiga, era muito fácil os candidatos ganharem ou perderem eleições, na boca da urna. Bastava o candidato ou candidata entrar na fila dos votantes, e pedir para mostrarem a cédula em quem iriam votar. Se fosse do seu partido dava parabéns ao eleitor, caso contrário as mulheres com lábios com forte batom vermelho beijavam a cédula e devolvia ao eleitor, que satisfeito e orgulhoso colocava na boca da urna. Esse voto estava anulado. Quando esse serviço era feito por homens, eles escreviam: muito bem, anulando esse voto por conter rasuras. Hoje, para ganhar uma eleição, o partido do candidato tem que receber muito dinheiro do fundo partidário, mania recente criada pelas Cortes Superiores deste país para gastar o nosso dinheiro arrecadado dos inúmeros impostos que pagamos para agradar aos políticos. Importante também montar uma esperta caixa 2, para receber dos empresários transferências chamadas de doações milionárias que são verdadeiros adiantamentos, que serão cobrados depois das eleições com juros e correções monetárias. A bocas de urnas vivem.
Bem antigamente, só os homens votavam. Bem depois, as mulheres adquiriram esse direito. Recentemente, até menores de 18 anos, vota. Hoje, os resultados são idênticos, demonstrando que os presentes recebidos continuam os mesmos.
Na Cuiabá antiga, governo não perdia eleição por possuir nas mãos, a famosa máquina do poder. Hoje, essa máquina está fatiada com o Legislativo e Judiciário.
Bem antigamente, o carvão para manter a máquina do poder, vinha daqueles que possuíam dinheiro. Hoje quem tem dinheiro no Brasil são banqueiros, muitos do agronegócio, empresários donos de multinacionais, e as fortunas invisíveis, existindo dizem os entendidos, mais dinheiro de brasileiros no exterior que no Brasil, e o número de brasileiros com dupla nacionalidade, cada dia aumenta mais. Não se esquecer dos inúmeros laranjais espalhados por esse imenso Brasil. O “laranja” mais elegante que conheci foi o de “sócio oculto”.
Na Cuiabá antiga, votar era enfrentar uma longa fila indiana, para exercer a cidadania. Hoje, enfrentamos uma multidão nos corredores de votação, e os idosos em cadeira de rodas, para furar esse verdadeiro bloqueio tem que falar: licença por favor, até a cabine de votação. No retorno, obrigado, obrigado, obrigado até chegar ao seu automóvel. Isso é chamado de direito de “exercer a sua cidadania”, expressão que evito falar, para não repetir os chavões dos políticos e locutores da televisão.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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