Este mês ganhei quatro livros, todos escritos por médicos, sendo dois autobiográficos, um sobre a antiga Cuiabá, e outro de poesia sobre o nosso Pantanal.
José Pedro Rodrigues Gonçalves, cuiabano de Bauxi, hoje morando em Florianópolis, médico cardiologista e sanitarista, escreveu um livro sobre Cuiabá de antigamente, chamado de “Lavapés”, e outro de poesia sobre o Pantanal, “Geopoesia Pantaneira”.
Aproveitei a leitura de “Lavapés” para ampliar meus conhecimentos e nutrir principalmente “Os Pitorescos”, minha coluna dominical.
Uma leitura deliciosa para quem gosta de saber tudo sobre a nossa história.
É uma leitura regional rica em informações, como a partir de um garimpo, habitado por algumas tribos de índios, se tornou a capital do agronegócio, depois de trezentos anos.
O livro de poesia ecológica, nos leva a uma deliciosa viagem pelo nosso Pantanal.
Ótima leitura!
O autor não é virgem nesse terreno de publicar livros, pois possui vários.
“Para meu espanto, o encanto do Pantanal, provoca pranto, ao se deparar, com a destruição, à sua porta”.
Rio Cuiabá
Deitado, morno, macio, falando o cuiabanez, linguagem rude dos ribeirinhos...
“De margens costuradas, por fios de concreto, que concretamente te amarram, para impedir que possas respirar, livremente, o oxigênio da vida”.
Nosso Pantanal
“Teus jacarés, teus aguapés, tuas vitórias, régias vitórias, de históricas fantásticas, onde pousam colibris”.
Pantanal, do nosso poeta maior pantaneiro, Manoel de Barros.
Ele nos ensinou que o Pantanal fala, como seus bichos, animais, peixes, pássaros e passarinhos, suas plantas, árvores, flores, rios, córregos, riachos, correntezas, o rio Paraguai.
“O sol, o sal, e o sul do Pantanal se assusta com o perigo que corre”.
“Morre a Piranha no seco, o boi morre na enchente, de repente o mercúrio mata”.
“A mata foi destruída, o cardume não existe, o pesticida sacia a fome do aventureiro, ... e o Pantanal, delirando...”
Voltando ao Lavapés, fecho os olhos na tentativa de rever aquelas imagens perdidas no tempo, e que não voltam mais, de uma Cuiabá culta, elegante e inocente.
Para aquilo que comporta no espaço de uma crônica, recomendaria a degustação de Lavapés de cabo a rabo, não me furtando a transcrever os “reclames”, como eram chamadas as antigas propagandas em alguns jornais.
Devido ao isolamento de Cuiabá, no final do século XIX e início do século XX, o nosso único meio de comunicação eram os anúncios de toda natureza nos jornais, chegando a possuir 73 jornais.
Em 1839 surgiu o Themis Mattogrossense, o primeiro jornal Cuiabano.
Em 1936, Jerci Jacob montou a PRH3, que foi registrado e passou a chamar de A Voz do Oeste, a primeira rádio do Estado e do Centro-Oeste.
Vamos a alguns “reclames”, como este publicado no jornal O Pharol de 25 de abril de 1902:
SANGUESUGA
Chegado no paquete; e de bôa qualidade, por preço commodo.
Encontra-se em casa de Belizário José do Couto, na rua Coronel Antonio Paes, 38.
A grafia foi reproduzida como se encontrava nesse jornal.
Em A Situação, de 28 de agosto de 1869, esta pérola.
DENTISTA E RETRATISTA
José Severino Soares, faz saber aos seus fregueses que infalivelmente fecha sua officina de retratos no dia 13 de Setembro do corrente anno, de dentes a 25 do mesmo mez.
Cuyabá 28 de Agosto de 1869.
ANNUNCIOS
O Bacharel Ezequiel Ribeiro de Siqueira participa aos Snrs. Paes de família que continua lecionando por preços conven-cionais as seguintes matérias: Portuguez, Latim, Grego, Francez, Inglez, Allemão, Arithmetica, Algebra, Geometria, Trigonometria, Geographia, Corografia (descrição histórico-geográfica de um lugar), etc.
Residencia: Rua Coronel Solon, n.16
Foi publicado no jornal Neophito, de 25 de dezembro de 1910.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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