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opinião Sábado, 17 de Setembro de 2022, 09:45 - A | A

Sábado, 17 de Setembro de 2022, 09h:45 - A | A

BAR DO BUGRE

MANIAS DE NELSON GONÇALVES; ouça  

*GABRIEL NOVIS NEVES

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Na época de ouro do rádio, onde existia enorme competição entre letristas, músicos e cantores, Nelson Gonçalves gravou um disco, onde cantava “manias”.

 

Aprendi essa música no meu período juvenil e ela nunca mais me saiu da cabeça.

 

De vez em quando me surpreendo cantarolando “dentro as manias que eu tenho uma é gostar de você. ”

 

Não acredito que exista alguém que não tenha as suas manias.

 

“De guardar fósforo usado dentro da caixa outra vez”.

 

Confesso que tive muitas manias e no adiantado da vida deixei algumas para trás.

 

Umas motivadas para proteger a minha saúde quando, há quarenta anos atrás deixei de fumar e guardar “fósforo usado dentro da caixa outra vez”.

 

Com a idade não canto mais no banheiro a “mesma canção”, porque agora sou classificado como cidadão de alto risco para queda, sendo esta uma das três causas principais de mortes do velho. 

 

Tomo banho sentado em uma cadeira especial conversando com a minha enfermeira.

 

Ela é guardiã da tranquilidade dos meus filhos que não moram comigo.

 

Quase ia me esquecendo a letra de “só entrar no chuveiro cantando a mesma canção”, outra mania que perdi para a segurança dos meus ossos íntegros.

 

Como não existe mais jornal impresso, antes de dormir é comum tomar duas gotas de Rivotril, sem “ler antes o jornal”, uma mania de bem antigamente.

 

Outras manias cantadas por Nelson Gonçalves estão enraizadas no nosso cotidiano e ninguém percebe que é uma mania.

 

Será que “só pedir o cinzeiro depois da cinza no chão” ou de “contar sempre aumentado tudo o que diz ou que fez”, é considerado mania ou hábito?

 

Ou eles sempre foram assim e que vão ser assim, porque “pau que nasce torto nunca mais se endireita? ”

 

Essas manias são de uma antiga canção quando as famílias se reuniam para ouvirem programas no rádio.

 

As gerações atuais dentre “as suas manias” retiraram o rádio das suas casas, trocando-o pelas televisões abertas e fechadas, internet, iPhone, plataformas digitais, youtube, facebook, instagram, twitter.

 

Também as canções cantadas de antanho foram substituídas pelas eletrônicas sem letras, como as do poeta da Vila, Noel Rosa.

 

O que mais vemos hoje são os neuróticos obsessivos que sofrem e fazem os outros sofrerem.

 

Que saudades das bem-humoradas manias, de “gostar de você”.

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

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