Meu nome é Ana Paula e neste relato não entrarei no mérito do certo ou errado, sobre abertura ou fechamento do comércio, ou do fica em casa, tão pouco sobre protocolos e tratamentos profiláticos.
O objetivo deste desabafo é relatar uma triste experiência que eu e meus familiares vivemos nos últimos dias, a partir da internação do meu avô em um hospital particular de Cuiabá.
Meu avô, Benedito Asclepíades Moreno, tinha 98 anos, era capitão da reserva do Exército, homem íntegro e honrado, lúcido apesar da idade avançada, que amava viver e infelizmente foi infectado pelo novo Corona vírus. Após o diagnóstico da doença, iniciou imediatamente o tratamento em casa com toda a assistência médica necessária e medicação do protocolo receitado pela médica que o acompanhava. Após 8 dias de tratamento, o quadro clínico dele piorou, sentindo falta de ar, o que nos levou a encaminhá-lo a um pronto atendimento de um hospital particular de nossa cidade.
Na ocasião, o médico plantonista informou-nos sobre a gravidade da situação e indicou a imediata internação em uma UTI. A partir daí começa nosso drama familiar, pois não tínhamos mais acesso a ele e nem às INFORMAÇÕES sobre o tratamento intensivo, mesmo a equipe hospitalar nos assegurando que teríamos notícias do meu avô duas vezes ao dia, o que jamais ocorreu.
O meu apelo neste momento é que a direção hospitalar de um modo geral se sensibilize com as famílias dos pacientes internados, pois não ter uma informação oficial e plausível sobre a evolução da doença, é uma verdadeira tortura para quem está do lado de fora.
Passamos então a buscar informações com amigos, familiares, conhecidos e colegas de trabalho. Após muitas conversas com a administração do hospital, já no 5 dia de internação, o hospital iniciou contato com nossa família uma vez por dia, sempre com um texto pronto ‘estável e sem alterações do quadro clinico’, quando na verdade as informações obtidas através de amigos eram que a equipe médica estaria diminuindo o oxigênio mecânico, com pressão arterial satisfatória e que apesar da gravidade, meu avô respondia muito bem ao tratamento.
O meu apelo neste momento é que a direção hospitalar de um modo geral se sensibilize com as famílias dos pacientes internados, pois não ter uma informação oficial e plausível sobre a evolução da doença, é uma verdadeira tortura para quem está do lado de fora.
Tenho a consciência de que a rotina hospitalar neste período de pandemia, é muito complexa e desgastante para os profissionais da saúde, mas acredito que o respeito à informação e às famílias dos pacientes deva fazer parte dessa rotina de uma forma mais humanizada. É um direito das famílias!
No dia 24 de julho, sexta-feira, recebemos a notícia de que meu avô continuava estável e sem alterações no quadro clinico. Esperançosos por boas notícias buscamos informações com o hospital no sábado, porém sem sucesso. No domingo (26), Dia dos Avós, por volta das 2 horas da tarde, recebemos a triste notícia do falecimento do meu avô. Podem imaginar o choque que levamos com essa notícia intempestiva? O pior de tudo é que no sábado ele submeteu-se à hemodiálise com o agravamento do seu quadro clínico, o que não fora informado à família. Se recebêssemos essa informação no sábado estaríamos cientes de sua piora e poderíamos prepararmo-nos para esta que seria uma das piores notícias que poderíamos receber em nossas vidas. Na terça-feira (29), um dia após o sepultamento do meu avô, em meio à dor pela perda irreparável, recebemos uma ligação do mesmo hospital que dizia: - Informamos à família que o paciente Sr. Benedito Moreno continua estável e sem alterações no quadro clinico.
Que absurdo!
Onde está a humanidade?
Onde está o respeito?
Onde está a consideração?
Clamo aos gestores hospitalares que se atentem aos terríveis impactos sofridos pelas famílias dos pacientes internados com Covid -19, pela falta de atenção, de respeito e de informação durante a internação para o tratamento dessa terrível doença.
Tenho certeza que este tipo de experiência não foi só a minha família quem vivenciou, pois muitas famílias estão vivendo o mesmo drama. Graças a Deus e aos cuidados hospitalares pessoas são curadas e voltam para as suas famílias, mas muitas não voltam.
As famílias dos pacientes merecem ser tratadas com mais respeito!
*Ana Paula Preza Moreno
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