Está começando o dia e do meu escritório ouço a animada conversa da minha enfermeira, cozinheira e motorista, na copa da minha cozinha.
Não consigo identificar o motivo de tanta alegria nesse encontro repleto de gargalhadas.
O motorista, que é da minha filha, veio pegar a listinha de compras para o mercado.
É considerado da casa pelo tempo de serviço de trinta anos.
De extrema confiança, possui o cartão de crédito da minha filha para as despesas de casa, além de ser o responsável também pela manutenção do seu apartamento.
Acompanhou o desenvolvimento das minhas duas netas, filhas da minha filha.
Tem carinho especial com os meus bisnetos, chegando a tocar violão e cantar para distraí-los.
Magro desde que o conheci, barriga chupada para dentro, fala baixa, só responde às perguntas quando lhes são feitas.
Só faltou ao serviço ao ser acometido pelo Covid, de forma leve.
Não faz questão de descansar aos domingos, estando sempre solícito e bem-humorado.
Conhece todos os amigos do casal, que muito o admiram pela sua educação.
Tem uma filha única universitária que trabalha e mora com mulher e filha, em casa em Várzea-Grande.
Atualmente também é o responsável para me levar às consultas médicas.
Faz o seu joguinho na loteria, sempre no loto fácil, que diz ser mais fácil de ganhar.
É herdeiro do vestuário do meu genro, apresentando-se sempre impecável ao trabalho, não descuidando dos sapatos bem engraxados.
Minha cozinheira começou como faxineira, e há um ano foi promovida a cozinheira.
Levou o asseio para a feitura das minhas refeições, sendo também a administradora do meu apartamento, onde todo dia tem um remendo a fazer.
Tem excelente relacionamento com os funcionários da portaria do edifício, não deixando me faltar nada.
É minha assessora quando o assunto da crônica é culinária.
Educada, elegante, pinta os cabelos, usa óculos e está recém-casada, embora vivesse juntos há trinta anos.
No final da semana corta as minhas unhas das mãos e pés, com perfeição.
Tem uma filha casada, é avó, mora com um filho solteiro trabalhador e o marido paraguaio.
A enfermeira é a única funcionária da casa com nível superior.
Assim que concluiu a sua graduação na universidade veio para cá.
Tem marido, uma filha casada cursando enfermagem, e outra no segundo grau e cursando técnico em enfermagem, mora distante daqui e é avó.
Já lhe propus que viesse morar na parte de cima da minha cobertura, com entrada independente, cozinha própria, jardim, piscina, academia de ginástica, horário de serviço, folga semanal, só para não ficar longe de mim.
Minha professora, sobre pagamento de compromissos pelo PIX.
Responsável pela feitura da minha barba aos sábados.
Flamenguista roxa é minha companheira nos jogos de futebol pela TV, ela secando o Botafogo, e eu ao Flamengo, tudo na santa Paz e mais perfeita harmonia, como dizia o velho Villa.
Sua substituta, especialmente aos domingos, tem curso de técnica em enfermagem.
Casada e mãe de duas filhas menores.
Educada, faz o meu almoço de domingo, não aprecia futebol, me auxilia no computador, onde é uma expert e sabe todos os segredos do celular.
Todos os quatro funcionários possuem casa própria e automóveis.
As três são responsáveis pelos horários dos meus medicamentos, e estão habilitadas a verificarem meus sinais vitais, e colocar em mim a máscara do CPAP, para dormir.
Com o belo currículo dessa gente que me dá suporte para continuar a caminhada, vou longe.
Gostaria de saber qual o motivo encontrado por eles ao demonstrar tanta felicidade, com sorrisos e gargalhadas.
Dia desses o motorista não entendeu a letra da cozinheira, e do mercado lhe telefonou que não tinha encontrado a “ata sem caroço”.
São também muito engraçados, me alegrando com as suas histórias.
Acredito que pessoas felizes estão sempre propensas ao sorriso fácil.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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