O baixo nível das águas tem preocupado os ribeirinhos que vivem às margens do Rio Araguaia em Xambioá, no norte do estado. Diversas ilhas têm se formado no meio do rio e carros e motos atravessam onde antes só era possível passar de barco.
"Temos que torcer pra chover forte e ver se ele enche, para voltar a ser o Araguaia que ele era e a gente ficar feliz. Desse jeito que está fica todo mundo triste", diz o comerciante Edmundo Alves Ferreira.
O aposentado Antonio Pires Carvalho mora em Xambioá há 70 anos e relembra a época em que as embarcações eram um dos principais meio de transporte, ligando o município a estados vizinhos.
"Eram 12 a 15 barcos viajando direto de Marabá a Imperatriz e aqui. Todo mundo carregando sua mercadoria. Não vinha nada de outro lugar, só vinha por água", comenta.
Rio Araguaia seca e já é possível atravessar de carro — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Na tentativa de ajudar a preservar o Araguaia, cerca de 50 voluntários da Associação Vida Ribeirinha trabalham para manter o leito e as margens do rio limpas. O resultado surpreendeu Jaderson dos Santos, presidente da associação.
"Foi uma ação voluntária que deu certo e ganhou uma proporção grande conseguimos coletar até uma quantidade bem representativa de lixo, retirada da margem do Araguaia, aproveitando essa seca. Estamos felizes com o resultado.", comemora Jaderson.
Pedras no caminho
As pedras no meio do rio que estavam encobertas no início do ano, apareceram. São 250 pescadores que dependem do Araguaia para sobreviver. Antes a gente ia para o rio e trazia 70 ou 80 quilos de peixe. Hoje a gente não traz mais essa quantidade, a gente traz de 30 a 40 quilos. Está difícil para pescar, disse o pescador Antônio Sousa.
Os bancos de areia no meio das águas também chamam a atenção dos moradores. O lugar onde as balsas passam não foi afetado, mas em outros pontos o assoreamento do leito e as pedras estão dificultando o deslocamento dos barcos. Tem que ter muita atenção, andar devagar porque senão você acha as pedras. Em lugares que nunca haviam surgido pedras, está surgindo e é arriscado você estragar o motor, reclamou o comerciante Edson Saldanha.
Mas existe uma explicação para o surgimento dos bancos de areia. Os bancos de areia se formam a partir do processo erosivo que ocorre naturalmente no meio ambiente. Mas eles se agravaram. Os bancos de areias não estavam aqui desta forma, desse tamanho nos últimos anos. Podemos perceber que ao longo do rio grande parte das matas ciliares foram desmatadas, quando o rio percorre esse leito, ele vai carreando esse sedimento e criando o banco de areia no meio do rio, explicou a engenheira ambiental Ana Caroline da Silva.
Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em colaboração com o MapBiomas revelou que, nos últimos 38 anos, o Parque Nacional do Araguaia, situado dentro da Ilha do Bananal, perdeu uma área de superfície de água equivalente a quase quatro mil campos de futebol, totalizando cerca de 3,6 mil hectares. Isso representa uma perda de 36% da superfície hídrica da região.
Os especialistas indicam que essa diminuição é resultado da compactação do solo, agravada pelo desmatamento e pela criação de gado. Em condições normais, a vegetação permite que a água da chuva seja absorvida pelo solo, infiltrando-se nas camadas inferiores da terra.
O Rio Araguaia é um dos maiores rios do Brasil. São mais de 2 mil quilômetros de extensão, que cortam quatro estados – Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. O Araguaia nasce em Goiás e se encontrar com o rio Tocantins na divisa com o Pará. Em alguns pontos, as águas chegam a apenas 20 centímetros.
*Com G1
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