A Associação Indígena Kĩsêdjê (AIK), responsável pela produção do Óleo de Pequi do Povo Kĩsêdjê do Xingu, venceu o Prêmio Equatorial 2019, concedido a cada dois anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para soluções locais e indígenas de desenvolvimento sustentável.
O prêmio foi divulgado na semana passada e deverá ser entregue aos Khīsêtjê em uma cerimônia a ser realizada em Nova York em setembro, tem o valor de US$ 10.000,00.
"Localizada em um dos Estados mais desmatados do Brasil, esta associação transformou o status quo, recuperando suas terras tradicionais e desenvolvendo um modelo empresarial inovador que usa árvores de pequi nativo para restaurar paisagens, fomentar a segurança alimentar e desenvolver produtos para mercados locais e nacionais", afirma o comunicado da ONU.
"Quando a gente falava que ia plantar pequi, muitas pessoas disseram que ia demorar muito para dar resultado. E eu respondia: não estou plantando para mim, mas para o futuro", diz Yaiku Suyá, coordenador de alternativas econômicas da Associação Indígena Kĩsêdjê. "É uma honra receber um prêmio como esse, que anima o trabalho e anima a comunidade."
Assista ao vídeo sobre o projeto:
Trabalho e transformação
A Terra Indígena está no município de Querência (MT). Os Kĩsêdjê encontraram o território degradado, consequência da invasão de fazendeiros. No ano passado, a safra de pequi rendeu um recorde de produção para os Kĩsêdjê. Foram 315 litros. A época do pequi é entre outubro, novembro e dezembro. As frutas são coletadas em mutirão. Homens e mulheres se reúnem e enquanto alguns buscam em áreas próximas à aldeia, outros recebem e cortam o pequi, separam polpa e semente em grandes bacias de metal.
Em seguida o pequi é cozido rapidamente, despolpado e batido vigorosamente para extrair o óleo, que é posteriormente decantado por dias e filtrado antes do envase final, realizado pela Jatobá Orgânicos.
Os primeiros passos
A extração do óleo de pequi começou em 2011 em uma miniusina instalada na aldeia Ngôjhwêrê, trabalho coordenado pela AIK com apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e financeiro do Instituto Bacuri e do Grupo Rezek.
Os primeiros resultados, porém, não agradaram aos Kĩsêdjê. O processamento era diferente do método tradicional dos índios, e o produto tinha uma qualidade inferior.
Somente ao combinar o método tradicional com adequações tecnológicas e equipamentos é que foi possível chegar à flotação como é feita hoje. A polpa cozida de pequi é batida com água fria, o que faz com que o óleo flutue na superfície. Assim, vieram os bons resultados, com mais rapidez e eficiência.
Onde comprar?
A produção de 2017 do Óleo de Pequi do Povo Kĩsêdjê do Xingu foi vendida à empresa de cosméticos New Harmony, ao Grupo Pão de Açúcar e ao restaurante Dalva & Dito, do chef Alex Atala, em São Paulo.
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