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geral Quarta-feira, 21 de Outubro de 2020, 13:18 - A | A

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DISPUTA POLÍTICA

‘Já mandei cancelar’, diz Bolsonaro sobre protocolo de intenções de vacina do Instituto Butantan em parceria com farmacêutica chinesa

G1

Bolsonaro participa de reunião no Centro Tecnológico da Marinha, Aramar, em Iperó (SP), nesta quarta-feira (21) — Foto: Carlos Dias/G1

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (21) que "já mandou cancelar" o protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac. 

O anúncio do protocolo de intenções foi feito na terça-feira (20) pelo Ministério da Saúde após uma reunião entre o titular da pasta, Eduardo Pazuello, com governadores. O de São Paulo , João Doria (PSDB), participou – o Butantan é vinculado ao governo paulista.

 

“ Houve uma distorção por parte do João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar se ele [Pazuello] assinou, já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém esta interessado por ela, a não ser nós."  

Mais cedo, Bolsonaro já havia afirmado em suas redes sociais que o governo não iria adquirir "vacina da China". Após essas declarações, o Ministério da Saúde fez um novo anúncio sobre o acordo, na qual o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, disse que o protocolo de intenções firmado com o Butantan não tem caráter vinculante, e que "não há intenção de compra de vacinas chinesas" (leia mais abaixo). O ministro Pazuello não participou desse novo anúncio.

Depois do anúncio, o Ministério da Saúde retirou do site da pasta o comunicado sobre o protocolo de intenções.

Em reunião, Pazuello citou 'compromisso de aquisição'

 Durante a reunião com os governadores na terça-feira (21), Pazuello Pazuello disse ter feito uma carta para o Butantan com o "compromisso da aquisição das vacinas que serão fabricadas até o início de janeiro."

"Nós já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantan e essa carta, ela é o compromisso da aquisição das vacinas que serão fabricadas até o início de janeiro, em torno de 46 milhões de doses. E essas vacinas servirão para nós iniciarmos a vacinação ainda em janeiro", disse Pazuello.

Em um ofício datado da última segunda-feira (19), o ministro informa ao Butantan sobre a "intenção deste Ministério da Saúde em adquirir 46 milhões da referida vacina (Vacina Butantan-Sinovac/Covid-19), em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, ao preço estimado de US$ 10,30 (dez dólares e trinta centavos) por dose". Bolsonaro afirmou que ao valor "seria uma importância bastante absurda".

 

'Interpretação equivocada'

Nesta quarta, antes da manifestação de Bolsonaro no interior de São Paulo, o secretário-executivo do Ministério da Saúde disse, sobre a reunião de Pazuello na terça, que "houve uma interpretação equivocada da fala do ministro da Saúde" e que "em momento nenhum a vacina foi aprovada pela pasta".

"Não há intenção de compra de vacinas chinesas. A premissa para aquisição de qualquer vacina prima pela segurança, eficácia, ambos conforme aprovação da Anvisa, produção em escala e preço justo. Qualquer vacina, quando estiver disponível, certificada pela Anvisa e adquirida pelo Ministério da Saúde, poderá ser oferecida aos brasileiros por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). E no que depender desta pasta não será obrigatória", completou o secretário.

Assim como as demais vacinas testadas no Brasil, a CoronaVac está em fase de testes e sua eficácia ainda precisa ser comprovada antes que o uso seja liberado no país.

 

'Não há intenção de compra da vacina chinesa', diz secretário-executivo do MS
'Não há intenção de compra da vacina chinesa', diz secretário-executivo do MS
 

Mais cedo, Bolsonaro havia respondido a seguidores, em uma rede social, que não iria comprar a vacina. Mais tarde, Bolsonaro disse que "estamos perfeitamente afinados com o Ministério da Saúde, trabalhando na busca de uma vacina confiável, nada mais além disso. Fora isso é tudo especulação, é um jogo político.

Segundo o blog da Andréia Sadi, Bolsonaro se irritou com o anúncio do acordo por Pazuello e desautorizou o ministro. Fontes do governo avaliam que o chefe da Saúde não teve “malícia política” e deixou Doria “capitalizar” o anúncio.

De acordo com o blog do Valdo Cruz, logo depois que o presidente enviou mensagens a seus ministros dizendo que seu governo não vai comprar vacina da China, assessores presidenciais informaram que vão tentar convencer Bolsonaro a esclarecer melhor sua posição sobre o tema. Motivo: a vacina não será obrigatória, mas a maioria da população quer ser vacinada contra a Covid-19.

"Essa declaração do presidente gerou preocupação dentro do governo. Vai acabar gerando desgaste para o próprio presidente. Vamos conversar com ele para que esclareça sua posição sobre o tema", afirmou um assessor presidencial ao blog.

 

Ministro da Saúde anuncia compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa
Ministro da Saúde anuncia compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa

 

Vacina em SP

O governo de São Paulo já havia fechado, antes, contrato com o laboratório chinês para a aquisição de 46 milhões de doses. A gestão Doria buscava negociar com o governo federal para que elas fossem distribuídas via Sistema Único de Saúde (SUS).

Apesar disso, o governador já chegou a afirmar que, caso não houvesse acordo com o Ministério da Saúde, o governo estadual iria garantir a vacinação para "os brasileiros de São Paulo".

Antes do anúncio da possível compra da CoronaVac, o Ministério da Saúde havia dito que a previsão era de ter 140 milhões de doses no primeiro semestre de 2021:

  • 40 milhões via iniciativa COVAX Facility, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
  • 100 milhões de doses via AstraZeneca/Oxford (além dessas doses, no segundo semestre, o governo pretende produzir 165 milhões de doses deste imunizante).

A pasta informou, na terça-feira, que "somadas, as três vacinas – AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac – representam 186 milhões de doses, a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021".

Doria está com agenda em Brasília nesta terça-feira e um de seus compromissos é uma reunião com o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.

"A vacina é que vai nos salvar, que vai salvar a todos. Não é ideologia, não é política, não é processo eleitoral que salva, é a vacina", disse Doria durante a manhã após negação do presidente.

 

'Não é política, não é processo eleitoral que salva. É a vacina', diz Doria
'Não é política, não é processo eleitoral que salva. É a vacina', diz Doria

 

Segurança da vacina

A CoronaVac está na terceira fase de testes. Na segunda-feira (20), o governo de São Paulo afirmou que 35% dos nove mil voluntários que participam dos testes no Brasil apresentaram reações adversas leves.

Segundo o governo, não houve registro de efeitos colaterais graves e a vacina pode ser considerada segura.

A informação faz parte de um estudo parcialmente apresentado em entrevista coletiva. O estudo, no entanto, não foi publicado em revista científica. Ainda não há dados sobre a eficácia da CoronaVac.

Segundo o governo, essas informações serão apresentadas até o fim do ano. Embora Doria tenha garantido anteriormente que a vacina começaria a ser aplicada em profissionais de saúde no dia 15 de dezembro, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse na segunda que a data para liberação ainda é incerta.

Para ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é necessário que a eficácia da vacina também seja comprovada.

 

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