De Cidade do Cabo, na África do Sul, a jornalista sul-mato-grossense Beatriz Barbosa Cezar, de 50 anos, vem usando há tempos as redes sociais para comunicar que deu basta em uma relação abusiva e agora enfrenta o desafio de voltar ao Brasil com a filha que teve com o marido sul-africano Ek Parker. "Só saio daqui com a minha Salma (nome da filha). Orem por mim", pede Bia, como é conhecida em Mato Grosso. Salma tem dupla cidadania: brasileira e sul-africana.
A história da jornalista na África do Sul parecia um conto de fadas, mas acabou se transformando em um filme de terror.
Bia relatou que conheceu o marido por uma indicação, foi para a África conhecê-lo e se casaram. "Quando cheguei ao aeroporto (...) as quatro irmãs dele estavam no aeroporto pra me receber, mais a Cássia, a brasileira que me apresentou ele".
"Família muito legal, eles me trataram extremamente bem (...) Aí ele chegou com um vaso de flores (...) Cheguei dia 6, dia 7 fomos ver as alianças. Tive um casamento deslumbrante, casamento foi lindo, lindo, lindo", admitiu.
Articulada, com passagens por vários veículos de comunicação de Mato Grosso, ela usou durante anos as redes sociais para divulgar pontos turísticos em lugares como Cidade do Cabo e Joanesburgo como guia de turismo, além de frequentemente mostrar ações de caridade que realizava nas ruas da capital sul-africana levando comida a moradores de rua.
Os denúncias feitas agora, porém, mostram um lado nebuloso da relação.
Entre os relatos de agressão vindos à tona e divulgados nas redes sociais, um chama a atenção.
"Eu nunca vou me esquecer desde o inicio da minha gravidez até 5 dias após ela nascer e eu com a Salma nos Braços eu disse... preciso dar o antibiótico que o médico mandou e ganhei Uma esbofeteada no rosto com Uma mão cheia em minha direção, eu com a bebê recém nascida nos meus Braços eu gritei por socorro, e a minha pequena Gigi viu isso tudo e muito mais", desabafou a jornalista.
Em outro 'textão', como ela mesmo diz, Bia faz questão de isentar o Islamismo de qualquer culpa para os 'anos de horror' vividos no casamento. Até porque, lembra, a conversão ao islamismo ocorreu ainda no Brasil, antes de se casar.
"Não pensem que violência é islã. Islã já era a minha religião antes de eu me mudar para a Africa do Sul. O islã condena o terrorismo e a violência. Estes atos são de abusivos. Não confundam: islã não é violência", ressaltou.
Além dos textos na internet, em live (ver abaixo) divulgada na manhã de domingo (10) a jornalista detalha ter sido vítima de um relacionamento violento, possessivo e agressor. "Uns dias depois (do casamento), começou o pesadelo (...) Eu tive vergonha, eu tive medo, eu não tive coragem de ser eu mesma e me calei", desabafou.
Ela reconheceu que a 'manter uma aparência' também pesou. "Muito cômodo, né? Tenho máquina de lavar louça aqui em casa. No Brasil quem tem máquina de lavar louça? Só gente muito rica. Tenho máquina de lavar roupa. Moro em um condomínio fechado de alto luxo, alta segurança", fez mea-culpa, ressaltando, porém, que nunca seguiu o estilo de vida de pessoa endinheirada em Cidade do Cabo.
"Mas eu (na prática), não vivo a minha vida aqui assim. Eu vivo a minha vida pra ONG, é o que me sobrou. Pra cozinhar na chuva, mobilizar pessoas, mobilizar doações, porque não tem mais emprego. Acabou o turismo, acabou o emprego", relatou.
A Organização Não Governamental a que se refere é a que reúne um grupo de voluntários e desde 2016 cozinha e leva comida para moradores de rua da capital.
Bia admitiu que crise conjugal ganhou dimensão maior com a pandemia, há dois anos, quando passou a conviver sem o trabalho que realizava como guia de turismo.
"Aí começou o inferno. Quando a mulher não tem dinheiro ela não tem poder. Aí chegou ao ponto de intolerância, onde eu tinha que escolher entre o respeito e a saúde mental e emocional das minhas filhas e minha. As crianças estão traumatizadas para o resto da vida. Eu estou traumatizada para o resto da vida. Eu não vou ficar brincando de vítima. Eu sou vítima! As pessoas têm que parar de culpar a vítima, você é isso, você é aquilo. Recebo tanta mensagem em inbox, de gente duvidando de mim. Ah, não! Mas como? Ele?", declarou.
A luta agora da jornalista é para voltar ao Brasil.
Ela assegurou, no entanto, que só deixa a Africa do Sul com a filha Salma junto.
A decisão está nas mãos da justiça sul-africana. Bia já conseguiu uma vitória: medida protetiva para ela e as filhas.
"O juiz me perguntou por quê você esperou 10 anos para denunciar? Eu disse: por medo, vergonha". Da primeira filha, Gigi, Bia tem a guarda integral.
Confira uma das postagens, bem como a live da jornalista:
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