Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
O vereador no dia em que foi preso sob a acusação de causar a morte do enteado
Um depoimento de uma ex-namorada do vereador Dr. Jairinho à polícia indica que ele mentiu ao falar sobre o horário que teria ido dormir na madrugada de 8 de março, quando seu enteado, Henry, de 4 anos, morreu. Ele afirmou a investigadores que pegou no sono por volta de uma da manhã, mas, à 1h47 de 8 de março, o político mandou uma mensagem de celular para Débora Mello Saraiva, na qual escreveu “pelo amor de Deus”. Era uma resposta a um texto enviado mais cedo por ela: “Tô cansada de você”.
Além disso, um aplicativo instalado no celular de Jairinho indica que ele se movimentou entre 1h41 e 1h52 daquela madrugada — dando um total de 81 passos ao longo de 61 metros. Os dados da ferramenta contradizem o depoimento prestado por ele ao delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca).
Sua mulher, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, corroborou o relato de que o político dormia naquele horário. Às 3h30, segundo o casal, o pequeno Henry Borel, de 4 anos, teria sido encontrado desfalecido no chão de um quarto, com mãos e pés gelados e olhos revirados.
As informações do aplicativo foram recuperadas pela Polícia Civil e constam do inquérito sobre a morte a morte do menino. A ferramenta, que registra atividades físicas, também aponta que Jairinho só voltou a se movimentar entre 4h06 e 4h14 daquela madrugada. Imagens de câmeras de segurança do Condomínio Majestic, onde a família morava, mostram que o casal entrou com a criança num elevador às 4h09. E um laudo do Instituto Médico-Legal revela que, naquele momento, Henry já estava morto.
Um exame de necropsia mostrou que o menino sofreu 23 lesões (inclusive uma laceração no fígado) incompatíveis com a tese, defendida pela mãe e pelo padrasto na 16ª DP, de que teria caído de uma cama. Para investigadores, está claro que Henry foi espancado nas horas que antecederam sua chegada ao hospital Barra D’Or.
Em cartas escritas na prisão, Monique afirmou que seu relato à polícia foi uma “versão inventada” sobre a morte de Henry.
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